"Meu filho não estava em troca de tiro. Estava dentro de uma casa de família", diz pai de João Pedro

Em entrevista, pais do adolescente assassinado pela polícia contam que filho era "excelente aluno" e sonhava em ser advogado

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Os pais de João Pedro, adolescente de 14 anos assassinado pela Polícia Civil na segunda-feira (18), em São Gonçalo, no Rio de Janeiro, comentaram sobre a tragédia em entrevista ao Encontro com Fátima Bernardes nesta quarta-feira (20), um dia após terem encontrado o corpo do filho no Instituto Médico Legal (IML).

João Pedro foi baleado pelos policiais dentro de casa, no Complexo do Salgueiro, enquanto brincava com primos e amigos. Após ser atingido, o jovem foi levado pelos agentes em um helicóptero sem autorização dos familiares e sem acompanhante, ficando desaparecido por 17 horas.

"A minha esperança era encontrar ele com vida. Se eles realmente socorreram, por que não entraram em contato? Por que não levaram para um hospital perto? (...) Fomos encontrar somente no dia seguinte já no IML", disse Rafaela, mãe de João Pedro.

"Temos preocupação. Sabemos que morar em comunidade não é fácil. (...) Meu filho não estava na rua, numa troca de tiro. Meu filho estava em casa de família. Acho que ninguém tem esse direito de invadir a sua casa e tirar a vida de um jovem de 14 anos, que tinha sonhos, projetos. Ninguém tinha, ninguém esse direito", acrescentou Neilton, pai do garoto, negando a versão da polícia de que houve troca de tiros no local.

Neilton contou à apresentadora Patrícia Poeta que o sonho de seu filho era ser advogado. "Ele era ótimo na escola excelente aluno. Falava que queria ser advogado, e tinha capacidade para isso", conta.