Ministério da Saúde diz não haver relação entre vacina e mal súbito de criança em SP

Menina sofre de síndrome rara e família não sabia. Marcelo Queiroga e Damares Alves, ministros de Bolsonaro, aproveitaram o caso para fazer alarde antivacina e até visitaram paciente

Vacinação Infantil. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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Uma equipe de 10 especialistas do Ministério da Saúde confirmou o que a Secretaria de Saúde de São Paulo já havia atestado sobre o caso da menina de 10 anos, moradora de Lençóis Paulistas (SP), que sofreu um mal súbito horas após receber a aplicação da vacina contra a Covid-19: não há qualquer relação entre a parada cardíaca que ocorreu com a criança e o imunizante aplicado nela.

De acordo com a análise final da comissão do Ministério da Saúde, a menina sofre de uma condição rara, a Síndrome de Wolff-Parkinson-White, que segundo a página do Hospital Israelita Albert Einstein é uma "síndrome em que uma via elétrica extra no coração causa um batimento cardíaco acelerado". A família da paciente não sabia deste problema de saúde.

Ainda na quinta-feira (20) a Secretaria de Saúde de São Paulo já havia alertado para o fato de que os dois eventos, a aplicação da vacina e o problema cardíaca, não mantinham qualquer relação, sendo a criança portadora de um problema de saúde que coincidentemente provocou uma "instabilidade hemodinâmica" no dia em que ela foi imunizada.

Alarde antivacina dos bolsonaristas

O caso da menina de Lençóis Paulistas (SP) que sofreu uma parada cardíaca horas depois de receber uma dose de um imunizante contra a Covid-19 foi alardeado e turbinado nas redes sociais pelas hostes bolsonaristas antivacina, que desde o primeiro momento após o surgimento da notícia propagaram a informação falsa de que o mal súbito teria sido resultado da imunização.

Membros do governo federal e até o presidente Jair Bolsonaro se apressaram em relacionar os dois fatos para criar medo na população e tirar credibilidade das vacinas, em sintonia com a política negacionista e anticiência adotada pela gestão do presidente extremista desde o início da pandemia.

O Palácio do Planalto chegou a enviar dois ministros de Estado, Damares Alves, da Família e Direitos Humanos, e Marcelo Queiroga, da Saúde, para visitar a criança e sua família, num hospital do município de Botucatu, no interior paulista, alimentando a sanha dos grupos bolsonaristas radicais que espalham grandes volumes de fake news nas redes e aplicativos de mensagem.