Chacina do Jacarezinho: Ministério Público denuncia policiais por morte de homem desarmado

Crime teria sido praticado quando a vítima estava encurralada e já baleada no pé; agentes também retiraram o cadáver do local antes da perícia

Reprodução/TV Globo
Escrito en BRASIL el

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) denunciou dois policiais civis por envolvimento na chacina do Jacarezinho, responsável pela morte de 28 pessoas. Além do afastamento de ambos de suas funções públicas, os dois serão investigados por fraude processual e um deles também responderá por homicídio culposo.

Os agentes integram a Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), braço operacional da Polícia Civil. A denúncia tem relação com a morte de Omar Pereira da Silva, no interior de uma casa na Travessa São Manuel, número 12, no Jacarezinho.

O crime teria sido praticado quando a vítima estava encurralada, desarmada e já baleada no pé no quarto de uma criança onde havia se escondido. Ainda segundo a acusação, o policial responsável pelo disparo e outro agente, também denunciado, retiraram o cadáver do local antes da perícial de morte violenta.

A denúncia aponta que os policiais também foram responsáveis por inserir uma granada no local do crime e, no momento de registro da ocorrência em sede policial, apresentaram uma pistola e um carregador, alegando falsamente terem sido recolhidos junto à vítima.

"Com tais condutas, os denunciados (...), no exercício de suas funções públicas e abusando do poder que lhes foi conferido, alteraram o estado de lugar no curso de diligência policial e produziram prova por meio manifestamente ilícito, com o fim de eximir (...) de responsabilidade pelo homicídio ora imputado ao forjar cenário de exclusão de ilicitude”, afirma trecho da denúncia.  

Relembre

A operação desastrosa da Polícia Civil do Rio de janeiro ocorreu dia 6 de maio e deixou 28 pessoas mortas, sendo a mais letal da história do Rio de Janeiro. Para o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin “há indícios de que não houve o devido planejamento e ocorreu uso abusivo da força”.

O governo do Rio de Janeiro afirmou que a operação vinha sendo organizada há meses. Diversos agentes policiais foram à comunidade cumprir 21 mandados de prisão contra pessoas suspeitas de participar do tráfico de drogas no Jacarezinho. Todavia, apenas três dos alvos foram presos. Outros três acabaram mortos.