Moraes afasta delegado que apurava interferência de Bolsonaro na PF

O ministro anulou os novos pedidos de informações solicitados por Felipe Leal à Polícia Federal sobre os atos administrativos do ex-delegado e atual diretor-geral da PF, Paulo Maiurino

Alexandre de Moraes - Foto: Antônio Cruz/Agência BrasilCréditos: STF
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Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou, nesta sexta-feira (27), o afastamento do delegado da Polícia Federal (PF), Felipe Leal, da investigação sobre suposta interferência de Jair Bolsonaro na corporação. Leal foi indicado ao cargo pelo próprio Moraes em julho de 2021.

O ministro, inclusive, anulou os novos pedidos de informações solicitados por Leal à PF. Os dados seriam sobre os atos administrativos do ex-delegado e atual diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Maiurino, de acordo com reportagem de Sandy Mendes, no Congresso em Foco.

“Não há, portanto, qualquer pertinência entre as novas providências referidas e o objeto da investigação”, afirmou Moraes.

O agora afastado Felipe Leal queria incluir no inquérito decisões de Maiurino, que provocaram a troca de delegados na investigação a respeito de Ricardo Salles, ex-ministro do Meio Ambiente, que deixou o cargo em junho.

Leal chegou a pedir informações sobre as apurações na Procuradoria-Geral da República (PGR) em relação aos relatórios da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que orientaram os advogados de defesa do senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ).

O ministro avalia que as informações requeridas não têm relação com o inquérito. “Verifico, porém, que as providências determinadas não estão no escopo desta investigação, pois se referem a atos que teriam sido efetivados no comando do DPF Paulo Maiurino, que assumiu a Diretoria-Geral da Polícia Federal em 6/4/2021, ou seja, após os fatos apurados no presente inquérito e sem qualquer relação com o mesmo”.

Novo delegado

Alexandre de Moraes determinou que o diretor-geral da PF indique um novo delegado para a condução das apurações.

O STF abriu o inquérito em 2020, por solicitação da PGR e tem como base as acusações do ex-ministro da Justiça, Sergio Moro.

De acordo com o também ex-juiz, Bolsonaro tentou interferir em investigações da PF, ao cobrar a troca do chefe da PF no Rio de Janeiro e ao exonerar o então diretor-geral da corporação Maurício Valeixo, indicado justamente por Moro.