MST anuncia modelo inédito de financiamento popular em prol do pequeno agricultor

O projeto foi desenvolvido em parceria com o economista Eduardo Moreira e conta com mecanismos de investimento do próprio mercado financeiro

Barraca do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), numa feira realizada no bairro AABB, em Serra Talhada - Foto: Henrique Rodrigues
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Lideranças do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em parceria com o economista Eduardo Moreira, anunciaram neste sábado (16), por meio de uma videoconferência, um modelo inédito de financiamento do pequeno agricultor através de ferramentas de investimento do próprio mercado financeiro.

O projeto já estava sendo debatido há mais de um ano entre o MST e empresas do mercado financeiro. A operação, no entanto, conseguiu ter sua primeira etapa finalizada nos últimos dias.

"Foi emitido um CRA, que é um Certificado de Recebíveis do Agronegócio, um instrumento para financiar o agronegócio que quem investe tem o benefício e não pagar Imposto de Renda", contou Eduardo. "Investimos R$ 1 milhão nessa primeira etapa da operação para seis anos. Estamos investindo esse dinheiro em uma taxa de 5,5%", continuou.

O economista diz que a medida é "revolucionária" para o movimento e para a sociedade, pois permite que as pessoas invistam em uma causa social como se estivessem investindo em qualquer outra empresa do mercado financeiro.

"Ao invés de colocar esse dinheiro em um título de uma empresa, ele será utilizado para ampliar uma fábrica que deve alimentar mais de 400 mil pessoas sem deixar de render o mesmo que renderia em uma caderneta de poupança", contou o economista.

"Conheço algumas pessoas do mercado financeiro que acreditam em um país mais justo. O sistema financeiro deveria existir para unir as riquezas do país e permitir que as pessoas que não têm o capital, possam construir riqueza para construir esse capital", afirmou o economista. O modelo pensado por ele junto com João Pedro Stedile, uma das principais lideranças do MST.