Não houve explosão de violência no Carnaval do Rio, garante ISP

Temer usou a violência no Carnaval deste ano como um dos motivos que o levou a baixar o decreto da intervenção militar no estado do Rio de Janeiro, mas dados oficiais mostram que as ocorrências diminuíram, fazendo sua justificativa cair por terra

Carnaval de rua do Rio de Janeiro | Foto: Alexandre Vidal/RioTur
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"As cenas do Carnaval revelaram uma agressividade muito grande e uma desorganização social e até moral muito acentuada. As pessoas lá não têm mais limites", disse o presidente Michel Temer em uma das entrevistas que concedeu, nesta sexta-feira (16), sobre as motivações do decreto que baixou que dá às Forças Armadas o controle da Segurança Pública do estado do Rio de Janeiro. O emedebista usou a suposta explosão da violência no Rio durante o Carnaval como a principal justificativa para a decisão de recorrer à intervenção militar. Ao longo do feriado, a Globo bombardeou seu noticiário com notícias sobre o suposto "caos" na folia carioca. Dados oficiais divulgados por órgãos oficiais, no entanto, fazem a justificativa de Temer cair por terra. O número de ocorrências no Carnaval deste ano (5.865) se manteve próximo ao ano passado (5.773), quando a Polícia Civil estava em greve, e foi bem menor que em anos anteriores em que a comparação é mais justa, já que tanto a Polícia Militar quanto a Civil estavam atuando. Para se ter uma ideia, em 2016 foram 9.016 ocorrências e, em 2015, 9.062. “Foi um carnaval muito parecido com o dos outros anos. Estou segura em dizer que não houve nenhuma explosão de violência neste ano”, afirmou ao jornal Estadão a diretora-presidente do Instituto de Segurança Pública do Rio (ISP), Joana Monteiro. De acordo com Monteiro, apesar de o estado sofrer, sim, com a violência, a sensação de insegurança aumenta por conta da "narrativa" vendida pela mídia. “Houve a vinculação de vários vídeos, imagens muito violentas, então a sensação de segurança de segurança de todo mundo vai para o espaço. É claro que importa, mas os dados são os nossos melhores parâmetros para ver o que acontece de fato. Não é um retrato fiel de tudo o que aconteceu no Rio, mas é o que as pessoas registraram e um parâmetro mais objetivo do que a gente está vivendo", afirmou.