Maior cheia da história de Manaus: Rio Negro atinge 29,98m

Mais de 15 bairros já sofrem com os efeitos da subida do Rio Negro na capital do Amazonas. No Centro, passarelas foram erguidas sobre as avenidas para que os pedestres possam circular

Foto: Selma Carvalho
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Por Mário Adolfo Filho

O Rio Negro ultrapassou hoje (1°) a cota recorde da cheia de 2012 em Manaus. Nas últimas 24 horas, o rio subiu 1 centímetro, atingindo o nível de 29,98 metros, a maior já registrada em 120 anos de marcações no Porto de Manaus.

As construções na capital do Amazonas são erguidas com base na cota máxima de 30 metros e a enchente vem provocando uma série de prejuízos.

De acordo com pesquisadores, o nível do Rio Negro já deve começar a baixar nas próximas semanas. Mesmo assim, os efeitos da cheia do rio ainda serão sentidos por algum tempo, principalmente em Manaus, onde 15 bairros foram diretamente afetados.

“A tendência é de estabilização”, prevê a pesquisadora do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) Luana Gripp Simões Alves. “Tudo indica que, hoje, estamos passando por um processo de finalização de enchentes”, afirma.

No domingo, o nível do Rio Negro já havia atingido a marca histórica de 29,97m, igualando 2012. Ainda segundo Luana, embora haja 80% de chances de o nível do rio atingir os 30 metros antes de começar a baixar, a situação parece ter começado a se estabilizar.

“Em termos de volume d´água, o fato de o nível subir mais um ou dois centímetros impactaria muito pouco”, diz Luana, explicando que as medições comportam uma margem de erro de até cinco centímetros e que, tecnicamente, a elevação em mais dois ou três centímetros não acarretaria prejuízos mais graves que os já registrados.

“Provavelmente, em termos de efeitos, a inundação que observaremos este ano é isso que já estamos vendo. Agora, é preciso destacar que, mesmo que o nível comece a baixar nos próximos dias, os impactos não vão cessar de um dia para o outro. Ainda demorará várias semanas, pois, no primeiro momento, a velocidade [da vazão] será lenta”, acrescenta a pesquisadora, destacando que como o período de chuvas ainda se estenderá por mais alguns meses, imprevistos podem ocorrer.

Estado do Amazonas

Segundo o secretário adjunto da Defesa Civil do Amazonas, Clóvis Araújo Pinto Júnior, das 62 cidades amazonenses, apenas quatro não foram em algum grau atingidas pelas cheias dos rios. Decretaram situação de emergência 48 municípios e seis deles reconheceram a situação de transbordamento dos cursos d´água, além de quatro em situação de alerta.

Foto: Selma Carvalho