Pandemia: Uso excessivo de antibióticos pode ter provocado aumento de bactérias resistentes

Estudo da Fiocruz aponta que número de casos de bactérias resistentes triplicou entre 2019 e 2021 e pandemia pode ser explicação

Sede da Fiocruz no Rio de Janeiro (Foto Peter Ilicciev/Fiocruz Imagens)
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O Laboratório de Pesquisa em Infecção Hospitalar do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) emitiu alerta sobre o aumento no número de casos de bactérias resistentes antibióticos em 2021. Segundo o instituto, o número de casos triplicou com relação a 2019. Uma das causas que podem explicar essa disparada é o uso excessivo de antibióticos durante a pandemia de Covid-19.

"Em parte, a alta na prescrição de antibióticos nos hospitais durante a pandemia pode ser justificada pelo maior número de pacientes graves internados, que acabam desenvolvendo infecções secundárias e necessitando desses medicamentos. Porém, o uso excessivo precisa ser controlado para evitar que se impulsione a resistência bacteriana", disse Ana Paula Assef, chefe do laboratório, em texto divulgado pela Fiocruz.

Segundo Assef, pesquisas realizadas no Brasil e no exterior apontem que houve uma prescrição exagerada de antibióticos para internados por covid-19. O IOC cita um estudo global publicado em janeiro que aponta um percentual de mais de 70% de pacientes com covid-19 tratados com antibióticos durante a internação, quando se estima que coinfecções bacterianas estejam em apenas 8% dos casos. Ou seja, uma utilização muito acima do devido.

O IOC informou que, em 2019, chegaram ao laboratório pouco mais de mil amostras de bactérias resistentes a antibióticos. Em 2020, esse número chegou a quase 2 mil, e, de janeiro a outubro deste ano, já atingiu 3,7 mil.

A utilização de antibióticos contra a Covid-19 foi propagada por grandes redes de planos de saúde e até pelo presidente Jair Bolsonaro, que defendeu o uso de azitromicina - medicação que não tem eficácia contra o vírus Sars-Cov-2.

Com informações da Agência Brasil