Ministro da Educação diz que vai interferir no Enem contra “questões ideológicas”

A Justiça Federal de São Paulo já condenou a União a pagar indenização por danos morais coletivos em razão das declarações homofóbicas de Milton Ribeiro

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O pastor Milton Ribeiro, ministro da Educação de Jair Bolsonaro, admitiu que vai interferir no conteúdo das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Ele declarou, em entrevista à CNN Brasil, que quer uma prova com questões “mais técnicas e menos ideológicas”.

“Nós sabemos que, muitas vezes, havia perguntas muito subjetivas ou até mesmo com cunho ideológico, isso nós não queremos. Queremos provas técnicas que exatamente avaliem o aluno naquilo que ele sabe e que é necessário para ele poder acessar o ensino superior”, declarou. 

“Por exemplo, há um ou dois anos atrás, não me lembro qual foi a data, havia perguntas relativas, por exemplo, à vestimenta de travestis, que, naturalmente, a grande maioria do povo e dos alunos desconhecia", disse.

“São terminologias próprias, com todo respeito que tenho à orientação de cada um. No entanto, não é um tema comum no conhecimento, não se aprende em escolas essas coisas”, destacou o pastor, conhecido por declarações homofóbicas ao longo do tempo em que está no ministério.

Uma das questões de português do Enem de 2018 pedia a interpretação de um texto sobre o “pajubá”, conjunto de expressões usadas por gays e travestis. Ribeiro acha que o Enem não é o lugar para abordar esses temas.

“Eu acho que a prova do Enem não é o espaço público para discussão desses temas, que são relevantes. O Enem é para avaliar candidatos a ter um acesso ao ensino superior e, ali, eu vou procurar verificar qual o conhecimento que ele tem em determinados temas. Existem outros palcos ou outros lugares, outros espaços para discutirmos esse tipo de tema, fora da prova do Enem” acrescentou.

Condenação

Milton Ribeiro já esteve envolvido em problemas após posicionamentos homofóbicas. Em mais deste ano, a Justiça Federal do Estado de São Paulo condenou a União a pagar indenização por danos morais coletivos em razão das declarações homofóbicas ditas pelo ministro da Educação.

Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, em setembro de 2020, o pastor afirmou que o “adolescente que muitas vezes opta por andar no caminho do homossexualismo vem, algumas vezes, de famílias desajustadas”.

“Falta atenção do pai, falta atenção da mãe. Vejo menino de 12, 13 anos optando por ser gay, nunca esteve com uma mulher de fato, com um homem de fato e caminha por aí. São questões de valores e princípios”, declarou.