Pedagoga negra agredida por PMs é alvo de fake news sobre relação com tráfico de drogas

"Depois de todas essas mentiras, nenhuma mãe trouxe os filhos para estudar na minha escolinha", lamenta Eliane

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A mulher negra que foi agredida com chute e soco no rosto durante uma abordagem policial em frente à casa dela, em Macapá, no Amapá, tem sido alvo de difamação e fake news nas redes sociais. Circularam diversas mensagens acusando a pedagoga de ser criminosa e ligada ao tráfico de drogas.

Ao portal Alma Preta, a defesa de Eliane afirma que ela não tem antecedentes criminais. De acordo com a pedagoga, as mentiras prejudicaram sua vida profissional. “Eu trabalho com reforço escolar. Depois de todas essas mentiras, nenhuma mãe trouxe os filhos para estudar na minha escolinha, por conta de tudo isso que eu passei”, conta a vítima, em entrevista ao portal.

Eliane afirma ainda que foi torturada no estacionamento da delegacia, no bairro do Pacoval, onde ficou por mais de meia hora algemada e trancada dentro da viatura, sem circulação de ar. “Minha mão estava inchada. Eu pedi para um policial soltar um pouco mais as algemas porque a minha pressão estava aumentando e eu estava passando mal. Ele abriu o porta-malas e apertou mais as algemas. Eu passei mal, tive convulsão. Eles viram, abriram o camburão e me jogaram no chão”, relata.

“Fiquei presa por mais de quatro horas, o delegado não ouviu o nosso depoimento naquele momento. O meu irmão, que falou com a polícia, disse que a opção era pagar R$ 800 de fiança por cada um ou esperar até o dia seguinte por uma audiência de custódia”, continuou.

A família da vítima precisou fazer uma arrecadação para pagar a fiança de R$ 1.600 exigida para liberar Eliane e o marido, também vítima da abordagem violenta. Questionada sobre o caso, a Polícia Militar do Amapá disse tratar-se de um acontecimento isolado e apura a abordagem.