Perícia da Bahia descarta que morte de Adriano da Nóbrega foi "queima de arquivo"

Versão da perícia baiana confronta narrativa dos peritos ouvidos pela revista Veja, que analisaram fotos do corpo do miliciano

Adriano Magalhães da Nóbrega - Foto: Reprodução
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A perícia realizada pelo Instituto Médico Legal (IML) de Alagoinhas, cidade próxima a Esplanada, onde o ex-PM Adriano da Nóbrega morreu no último domingo, descartou nesta sexta-feira (14) todas as observações pontuadas por legistas convidados pela Revista Veja para comentar sobre imagens do corpo do ex-chefe da milícia Escritório do Crime.

Segundo Mário Câmara, um dos legistas do IML, não há sinais que apontem execução. " Os sinais que nós encontramos confirmam, sim, um confronto policial", declarou. "Nós, da perícia, não especulamos", disse ainda, afirmando que os questionamentos são "levianos".

Para Câmara, a versão publicada pela Veja de que os disparos teriam sido feitos a curta distância "demonstra mesmo uma falta de conhecimento do assunto". "Essa questão de trinta, quarenta centímetros se refere à arma curta. Quando se trata de arma de alta energia, fuzil, você não usa isso aí", avaliou.

Malthus Fonseca Galvão, professor da Universidade de Brasília (UnB) e ex-diretor do Instituto Médico Legal do Distrito Federal, foi o legista que afirmou à Veja que acredita que o disparo que atingiu o tórax do miliciano aconteceu em uma distância inferior a 40 cm. “Pode ter sido uma troca de tiros? Pode. Pode ter sido uma execução? Pode. Qual é o mais provável? Com esse disparo tão próximo, o mais provável é que tenha sido uma execução. Mas tem de analisar com mais detalhes”, afirmou.

Galvão ainda entende que o segundo tiro que atingiu Adriano foi o chamado "confere", para garantir que o morto, de fato, estava morto.

Outro especialista ouvido pela revista sustentou que a posição da bala que atingiu o tórax de Adriano aconteceu após rendição, devido à posição do ferimento.

Perícia independente

A família de Adriano pediu, na manhã desta sexta-feira (14), ao Tribunal de Justiça do Rio uma autorização para encomendar uma perícia independente no corpo do ex-capitão do Bope.