PM que mais morre é também a que mais mata

Morreu, na manhã deste sábado, o 100º policial militar no estado do Rio somente neste ano. Já o número de mortos por policiais, em sua maioria negros, pobres e favelados, só nos dois primeiros meses do ano foi de 182. Já não basta?

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Morreu, na manhã deste sábado, o 100º policial militar no estado do Rio somente neste ano. Já o número de mortos por policiais, em sua maioria negros, pobres e favelados, só nos dois primeiros meses do ano foi de 182. Já não basta? Da Redação* Morreu, na manhã deste sábado (26), o 100º policial militar no estado do Rio somente neste ano. É a maior média em mais de 10 anos. Fábio Cavalcante e Sá era segundo sargento da PM, tinha 38 anos e era lotado no 34º BPM (Magé). Segundo testemunhas, ele estava próximo ao Largo do Guedes, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, quando foi atingido. Já de acordo com relatório da Anistia Internacional, no Estado do Rio de Janeiro, "811 pessoas foram mortas pela polícia entre janeiro e novembro de 2016". De acordo com o Instituto de Segurança Pública (ISP), do Estado, só nos dois primeiros meses de 2017, o número de mortos em ações policiais subiu 78%, e saltou de 102, em 2016, para 182. Em janeiro, foram 98 mortos; já em janeiro de 2016, 53. Os dados foram divulgados nesta semana. Segundo os relatos colhidos pela Anistia, a maioria das operações policiais com morte vitimaram negros e pobres e ocorreram em favelas. "Algumas poucas medidas foram adotadas para frear a violência policial no Rio, mas ainda não produziram resultados." O documento cita ainda a impunidade presente nesse tipo de crime e lembra como exemplo a operação em 1996, na favela de Acari, que prescreveu na Justiça em 15 de abril de 2006 sem punição. De acordo com parentes do policial morto neste sábado, o soldado estava de folga e sem farda em um local próximo à casa de familiares, que costumava ir regularmente. Os criminosos teriam chegado em um carro e tentaram assaltar o PM, mas perceberam que ele estava armado e dispararam mais de 30 vezes. Cerca de 11 tiros o atingiram. A principal testemunha do assassinato é o pai do sargento, que viu toda a ação. Ele chegou a pedir para os bandidos não atirarem no filho. Não há informações sobre o estado de saúde do pai de Fábio. Outra pessoa que presenciou o crime descreveu a cena como “uma guerra”. Depois dos disparos, os criminosos ainda roubaram a arma e todos os outros pertences do policial. O segundo sargento Fábio Cavalcante trabalhava há mais de 15 anos na Polícia Militar e deixa esposa e um filho de oito anos. *Com informações do G1 e do UOL Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil