PMs intimidam familiares de adolescente assassinado após absolvição de sargento

Câmeras flagraram policiais batendo à porta da casa do avô da vítima e fotografando o local. Parentes afirmam que unidades do batalhão de elite ao qual pertence o agente inocentado vêm rondando o bairro

Imagem: YouTube da Ponte Jornalismo (Reprodução)
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Uma reportagem da Ponte informa que câmeras de monitoramento flagraram policiais militares batendo à porta do avô de Guilherme Silva Mendes, um adolescente de 15 anos assassinado no ano passado, dois dias após a absolvição de um dos acusados pelo crime, que é sargento do 7° Baep (Batalhão de Ações Especiais de Polícia). Após falarem com o idoso, os agentes passaram a fotografar a fachada da residência.

Guilherme foi morto com dois tiros na cabeça em 14 de junho de 2020. Ele teria sido abordado por um PM e um ex-PM que faziam bico de segurança numa rua do bairro Vila Clara, em Americanópolis, na Zona Sul de São Paulo. Segundo o MP, os acusados teriam confundido o jovem com alguém que estaria pulando o muro de um estabelecimento local para fazer furtos. Imagens de câmeras de monitoramento também mostraram o jovem alguns instantes antes de desaparecer num beco. Momentos após o sumiço do adolescente na viela, os dois acusados são filmados no mesmo local. Guilherme foi encontrado horas depois em Diadema, com as lesões fatais por projéteis de arma de fogo no crânio e marcas de espancamento pelo corpo.

Adriana Fernandes Campos é o sargento do Baep acusado pelo crime e que foi absolvido. O outro acusado é o ex-policial Gilberto Eric Rodrigues, expulso da corporação em 2012 e que fugiu do Presídio Militar Romão Gomes, na mesma época, após pular um muro, e que é acusado de participar de outros 49 homicídios. Ele foi detido em Peruíbe, na Baixada Santista, após o homicídio de Guilherme, e ainda não foi julgado pelo crime.

Segundo parentes de vítima, viaturas da Força Tática do 22° Batalhão, responsável pela área onde fica a Vila Clara, têm passado com frequência pelo local e até os agentes do Baep, que, segundo esses mesmos familiares, nunca iam ao lugar, agora também têm rondando constantemente a região.

A reportagem da Ponte informa ainda que entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública (SSP) para questionar a atitude desses PMs, mas que não recebeu retorno.