Polícia brasileira é a mais violenta do mundo, diz pesquisa

Dados do Mapa da Violência indicam que 50% das mulheres vítimas de homicídio foram mortas por um familiar, companheiro ou ex-companheiro.

22/09/2017- Rio de Janeiro- RJ, Brasil- Operação de segurança contra confrontos entre traficantes na favela da Rocinha (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)
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Dados do Mapa da Violência indicam que 50% das mulheres vítimas de homicídio foram mortas por um familiar, companheiro ou ex-companheiro. Da Redação* De acordo com pesquisadores David Marques e Roberta Astolfi, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Núcleo de Violência e por especialistas do Núcleo de Estudos da Violência da USP, a polícia brasileira é a mais violenta do mundo. No Brasil, foram registradas 3.320 mortes em decorrência de intervenção policial (no serviço ou fora de serviço) em 2015, o que torna a polícia brasileira a mais violenta do mundo. Considerando mortes por 100 mil habitantes, as mais violentas nesse ano foram as polícias do Amapá (5), Rio de Janeiro (3,9) e Alagoas. São Paulo, que registra 2,2 mortos por 100 mil, foi proporcionalmente onde a polícia mais matou em relação aos homicídios em geral, quase 20% do total de mortes violentas. Apesar da péssima qualidade na investigação sobre esses casos, a elevada taxa de letalidade é um indicador da baixa capacidade de planejamento e de inteligência policial. 71% dos assassinados são negros A pesquisa diz ainda que de cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, 71 são negras. A chance de um negro ser vítima de homicídio é 23,5% maior que a de pessoas de outras raças/cores. Em estados no Norte e Nordeste, o abismo é ainda mais profundo. Em Sergipe, por exemplo, a taxa de homicídios entre negros é de 73 por 100 mil habitantes, enquanto que a de brancos é de 13 por 100 mil. A desigualdade social é importante para compreender a concentração, já que os homicídios se concentram em bairros com desvantagens sociais concentradas – com boa parte de moradores negros. O preconceito e o estigma social e racial acabam direcionando contra estes grupos controles excessivos por parte das instituições de segurança e Justiça do estado, resultando muitas vezes em violência policial e aprisionamentos arbitrários. Além disso, diversos estudos sugerem que o sistema de justiça criminal opera de forma seletiva, priorizando casos que atraem atenção da mídia e cujas vítimas são brancas ou de classe média. Feminicídio Apesar de ainda não haver estatísticas exatas sobre o fenômeno no país, dados do Mapa da Violência indicam que 50% das mulheres vítimas de homicídio foram mortas por um familiar, companheiro ou ex-companheiro. *Com informações do G1 Foto: Fernando Frazão/Agênci Brasil