Polícia diz que investiga caso de radialista ameaçado por bolsonarista armado em Campinas (SP)

Jerry de Oliveira, figura atuante no universo das rádios comunitárias no país, afirma que vem sofrendo ameaças de morte e que chegou a ser intimidado com uma arma

Foto: Arquivo pessoal.
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A 8ª Delegacia de Polícia de Campinas (SP) informou que investiga o caso do radialista Jerry de Oliveira, da Rádio Noroeste, que vem sendo ameaçado por um bolsonarista que mora no seu bairro, chamado Lourival Bento.

Ele relata que, além de intimidações verbais, o filho de Lourival chegou a se dirigir a ele com uma arma na mão dizendo que "ninguém mais falaria mal do Bolsonaro".

Segundo a polícia, Lourival Bento foi intimado juntamente com outro envolvido para prestar esclarecimentos. No último dia 13, Jerry compareceu na delegacia com advogado e uma testemunha, que foi ouvida na mesma data.

"Os laudos relativos às imagens e áudios apresentados pela vítima estão em elaboração. Paralelamente, a unidade seguiu com as diligências para complementar os dados iniciais apresentados e identificar o suspeito", afirma a corporação.

Entenda

Há pouco mais de um mês, Jerry vem vivendo um drama. Tudo começou em 9 de setembro, quando o comunicador afirma ter sido abordado por um homem de seu bairro, chamado Lourival Bento, que o questionou sobre uma pauta que vinha sendo tratada num programa do qual Jerry participa. Tratava-se de uma manifestação para evitar o fechamento do período noturno de aulas de uma escola estadual, demanda para qual os moradores e ouvintes da rádio até tiveram êxito. Mas a conversa não parou por aí.

“Essa pessoa, depois de perguntar sobre a questão da escola, me falou assim: ‘quem é o político por trás disso? Vocês não vão ficar falando mal do Bolsonaro, não, né?’ Aí eu disse que não tinha político algum e que a rádio era um lugar democrático e que ali as pessoas podiam se expressar... Foi então que ele apontou o dedo na minha cara e disse: ‘você não vai falar mal do Bolsonaro, porque se falar eu vou te matar’... Não entendi muito bem o que estava acontecendo, peguei o carro e saí dali”, contou Jerry.

Mais à frente, o radialista conta que foi fechado por um Audi branco. Do veículo desceu um rapaz, de arma na mão, que foi em sua direção e teria dito: “Aqui ninguém mais vai falar mal do Bolsonaro. Aqui, quem manda ‘é nóis’”. Jerry relata que, muito assustado, deu ré e saiu em disparada, dirigindo até um local seguro. Segundo ele, o jovem que o ameaçou é o filho de Lourival Bento.

Os fatos narrados pelo comunicador teriam ocorrido momentos antes de um ato político organizado pela comunidade para protestar contra o fechamento das aulas noturnas da escola estadual. Jerry conta que chamou a Polícia Militar para relatar o que havia ocorrido e para pedir que os agentes acompanhassem a manifestação, evitando qualquer problema, o que teria sido atendido pelos policiais. Só que no dia seguinte, as ameaças voltariam e de forma mais intensa.

“A pessoa que me ameaçou antes do ato gravou um vídeo, no qual assume as ameaças e a tentativa de atentado contra mim, e divulgou nas redes sociais reiterando o que havia dito e fazendo novas ameaças. Só que ele disse outras coisas e revelou no vídeo que, por eu ser uma pessoa ligada ao PT, por já ter sido dos Sem Terra, por eu ser de esquerda, a polícia já estaria atrás de mim há um tempo para me matar”, explicou.

“Quando ele falou isso, sobre a polícia querer me matar, deu a entender que ele estaria sendo acobertado ou ajudado pela polícia... E realmente, quando fomos ao à delegacia, os policiais sequer queriam nos ouvir, sequer queriam ver o vídeo com as ameaças... Os policiais não quiseram ir ao local em que fui fechado e ameaçado com a arma para pegar vídeos de segurança do comércio local, com as imagens do crime, enfim... Acabamos indo à Ouvidoria das Polícias”, concluiu.