Racismo: Presidente da Câmara de Embu (SP) é preso dentro de piscina de condomínio; veja vídeos

Renato Oliveira (MDB) foi acusado de cometer injúria racial; à Fórum, vereador relatou histórico de autoritarismo do presidente da Câmara

Vereador Renato Oliveira é preso em piscina de condomínio, sob acusações de racismo (Reprodução)
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O vereador Renato Oliveira (MDB), presidente da Câmara Municipal de Embu das Artes (SP), foi detido pela Polícia Militar do Rio de Janeiro, na tarde deste domingo (23), após acusações de que teria proferido ofensas racistas contra moradores e um funcionário de um condomínio.

O caso aconteceu na piscina de um condomínio na Zona Leste da capital fluminense. Segundo a Polícia Militar, a corporação foi acionada pelos moradores, que relataram injúria racial por parte de Renato Oliveira.

Vídeos que mostram a chegada dos policiais circulam nas redes sociais. Nas imagens, é possível ver que o vereador resiste à ordem de prisão e um dos agentes chega a entrar na piscina para prendê-lo, enquanto frequentadores aplaudem a ação.

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Renato Oliveira foi conduzido para a 32ª DP, em Taquara, onde foi autuado por injúria, preconceito e resistência à prisão. O caso foi encaminhado à Justiça e o presidente da Câmara de Embu responderá em liberdade.

"Histórico autoritário"

À Fórum, o vereador Abidan Henrique (PDT), de Embu das Artes, lamentou o episódio protagonizado por Renato Oliveira e afirmou que o presidente da Câmara Municipal tem histórico de autoritarismo.

"A primeira reação é de lamentar o caso. É importante explicar: há um histórico do presidente da Câmara de ataque às minorias, desrespeito ao decoro parlamentar, autoritarismo durante as sessões. Teve um caso que ele me mandou calar a boca durante audiência pública, de maneira bem agressiva. Casos reiterados dele cortando minha palavra, me podando. Tivemos diversos casos disso ano passado", revelou Abidan, que é negro.

"Temos esse histórico que é muito grave. Ele repete esse autoritarismo, e neste caso é ainda mais grave porque entra em injúria racial", prosseguiu o vereador, que vai aguardar as investigações da Justiça para decidir se toma alguma medida contra Oliveira na Câmara de Embu.

"É muito triste pra política da cidade e desrespeito de uma autoridade que deveria ter decoro", pontuou ainda Abidan.

"Estarrecedor"

Também em conversa com a Fórum, Joselicio Júnior, o Juninho, que é jornalista e militante do Círculo Palmarino, entidade nacional do movimento negro e morador de Embu das Artes, disse que "é estarrecedor ver o chefe do poder legislativo de nossa cidade envolvido em episódio de injúria racial".

"Embu das Artes é conhecida nacionalmente e internacionalmente por sua cultura e particularmente por sua cultura negra pulsante, tanto na região central como nas periferias. Somos a cidade que foi morada de Solano Trindade, um dos maiores poetas desse país que entoou, através da poesia, a luta contra o racismo e o protagonismo do povo negro", afirmou.

"É estarrecedor ver o chefe do poder legislativo de nossa cidade envolvido neste episódio, mesmo que não se prove a injuria racial, o que infelizmente é comum em nosso país. As cenas que circulam Brasil afora, por si só, demostram uma postura lamentável de quem se propõe a representar o povo", completou.

Outro lado

Fórum tentou contato com o vereador Renato Oliveira para obter um posicionamento sobre sua detenção, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.

Ao portal G1, o vereador negou as acusações de racismo.

"Pela manhã, cheguei na piscina e estava conversando com alguns senhores que estavam lá, inclusive brinquei com um. Tava com uma caixinha de som, um deles botou até uma música, e depois informaram que não podia som. Eu desliguei e falei que não sairia da piscina. A polícia veio, eu me desculpei com os outros moradores pelo o acontecido, com a orientação dos policiais de que eu poderia permanecer, eu fiquei lá tranquilo na piscina. Quando novamente eles chamam a Polícia Militar, volta e o cabo Henrique pediu para que eu saísse. Mas não tinha crime nenhum. Um dos funcionários do condomínio, que eu sequer tinha falado com ele, fato confirmado na delegacia por três testemunhas, me acusou de injúria racial, que não tem nada a ver comigo, nada a ver com minha forma de tratar e o denunciei por denunciação caluniosa e a funcionária que foi com ele por falso testemunho", disse.