Após ataque, PSOL pede ao MPF proteção para Alessandra Munduruku

Líder indígena que foi à COP26 teve a casa invadida e foram furtados documentos, além de R$ 4 mil em espécie. Esta não é a primeira ofensiva da qual ela é vítima

Alessandra havia acabado de retornar de Glasgow, onde participava da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. Reprodução/Twitter
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A bancada do PSOL na Câmara dos Deputados pediu nesta terça-feira (16) ao Ministério Público Federal (MPF) providências urgentes para proteção da líder indígena Alessandra Munduruku, que teve sua casa invadida em Santarém, no Pará.

Ela havia acabado de retornar de Glasgow, onde participava da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26). Os criminosos roubaram documentos, cartões de memória das câmeras de segurança e R$ 4 mil – que ajudariam a custear uma assembleia do povo munduruku marcada para dezembro.

A deputada federal Vivi Reis (PSOL-PA), que também esteve na COP26 e vem acompanhando as ameaças e as situações de violência contra os indígenas, destacou a necessidade de uma ação urgente, tendo em vista a escalada de violência contra os povos originários, sobretudo às lideranças.

“Os casos de violência contra lideranças indígenas como Alessandra Munduruku vêm se agravando dia-a-dia em toda a Amazônia como resultado de uma política não apenas permissiva, mas deliberadamente favorável à invasão de terras indígenas por madeireiros e garimpeiros ilegais, estimulada pelo governo Bolsonaro”, ressaltou a deputada.

O ofício da bancada do PSOL, protocolado nesta manhã, pede que o MPF solicite investigação por parte da Polícia Federal sobre o caso.

Os parlamentares ainda enfatizam: “Como se vê, a política anti-indígena e racista do governo Jair Bolsonaro é diametralmente oposta aos valores e a missão institucional que a Constituição Federal e os Tratados Internacionais de Direitos Humanos propugnam, e alimenta a violência contra os povos indígenas”.

Ataque pode ter sido premeditado

Este não é o primeiro ataque do qual Alessandra é vítima. Em 2019, a líder teve sua casa invadida, também em Santarém, no Pará. Documentos e relatórios pessoais e de trabalho foram furtados. Ninguém foi preso.

“Entraram de novo lá em casa, de novo, eu estava sentindo que ia acontecer alguma coisa, por isso que eu tinha que sair de Santarém. Tinha uma coisa estranha acontecendo ao redor e eu [pensei] não vou dormir aqui com essas crianças não”, disse Alessandra aos amigos.

Ela também relatou que, no dia 10 de novembro, um homem foi até a residência dizendo que era da companha de energia elétrica e que precisaria cortar a luz. Alessandra desconfiou, já que a conta estava paga.

No final da tarde, a empresa Equatorial religou a luz, mas a líder indígena já estava com uma sensação ruim e decidiu sair de lá.

A assessora jurídica Luísa Câmara Rocha, da Terra de Direitos, que defende a líder, disse à Amazônia Legal que a empresa Equatorial informou que não houve aviso de corte de energia para a casa, o que levantou suspeitas de uma relação entre os fatos e o ataque. 

“Me parece uma nítida intimidação, um crime político em referência a repercussão nacional e internacional do discurso que Alessandra fez na COP26 enquanto liderança”, afirma a advogada.

A primeira invasão que a líder sofreu foi após voltar de Brasília, em 2019, quando fez denúncias sobre as invasões aos territórios Munduruku e os projetos de mineração que tramitam no Congresso Nacional.

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