O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, foi às redes sociais nesta terça-feira (18) para contestar a abordagem de uma matéria da Folha de S. Paulo que repercutiu declaração sua dada em entrevista, onde afirmou que há 4 mil mortes comprovadamente relacionadas às vacinas contra a Covid-19 registradas no Brasil.
Segundo o jornal, o ministro foi questionado sobre o número e, após resistir, teria dito que "errou" e que o dado que divulgou seria relacionado a casos sob investigação.
Dados do próprio Ministério da Saúde, no entanto, desmentem o ministro. Boletim epidemiológico publicado em novembro de 2021 dava conta de que havia 11 registros de mortes relacionadas às vacinas contra a Covid.
Mesmo assim, Queiroga resolveu reafirmar o número duvidoso. "A Folha/Uol distorce a realidade e faz jogo de palavras a partir de uma fala minha para desinformar. Para retificar o que foi publicado e não deixar este desserviço aos leitores siga sem correção, esclareço aqui os pontos da fala. Durante a entrevista, eu disse exatamente que 'há cerca de 4 mil óbitos onde há uma comprovação de uma relação causal com a aplicação da vacina'. A fala está correta. Foram notificados 3.934 óbitos relacionados a vacinação (1,7 mortes por 100 mil doses)", disparou pelo Twitter.
Na mesma postagem, entretanto, Queiroga deu um número totalmente diferente, criando confusão sobre o tema. "Pelos dados do MS, apenas 13 casos tiveram relação direta comprovada com a vacina contra a COVID-19. Isso tbm está correto. As notificações ocorrem quando há óbitos em até 30 dias após a aplicação das doses por causas similares às detectadas como efeitos adversos da vacinação", prosseguiu o ministro.
A nova fala, divulgando números totalmente diferentes e sem maiores explicações, gerou uma série de questionamentos nas redes sociais, levando o termo "Queiroga Mentiroso" à lista de assuntos mais comentados do Twitter.
"Ministro, se X causou Y (relação causal), então existe uma relação direta aí. O senhor está se contradizendo nos tweets. Nos 4 mil óbitos pode haver uma correlação com a vacina, o que é bem diferente de uma relação causal, que seriam os 13 casos", escreveu em resposta a Queiroga, por exemplo, o biólogo Airton Pereira e Silva.