Só quem morreu: Governo Bolsonaro celebra professores “heróis” e provoca categoria

Secretaria de Comunicação vem fazendo postagens com menções a docentes que morreram em situações trágicas e diz que só homenageia quem “ENSINA”. Esse é o tributo da gestão que persegue educadores

Foto: Twitter (Reprodução)
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A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Secom, vem publicando durante esta sexta-feira (15), Dia dos Professores, uma sequência de “homenagens” a docentes que morreram de forma trágica, no exercício ou não da atividade, e aproveitou a data para mais uma vez atacar, provocar e debochar da categoria, vista como um dos principais inimigos do governo extremista e obscurantista de Jair Bolsonaro.

Rotulados como doutrinadores, parasitas e comunistas, os professores e professoras formam, certamente, um dos grupos mais perseguidos e combatidos pelo presidente, por membros de seu governo e pela claque de apoiadores ultrarreacionários que dão suporte ao bolsonarismo nas redes sociais e manifestações extremistas organizadas periodicamente.

“No Dia dos Professores, queremos homenagear quem ENSINA. Desde 2019, temos buscado homenagear brasileiros cujas trajetórias são dignas — ESTAS SIM! — de virar filmes, séries, livros. São histórias inspiradoras, de gente com valores de doação, bondade, compaixão”, diz uma das postagens, que traz ainda uma foto da professora Heley de Abreu, morta em 2017, com 90% do corpo queimado, durante um incêndio criminoso em Janaúba, extremo norte de Minas Gerais, provocado por um homem que aparentemente tinha distúrbios mentais.

Em outra publicação do perfil oficial da Secom, quem aparece é a professora Keli Adriane, que morreu esfaqueada após um ataque à escola em que ela trabalhava, em Saudades (SC), em maio deste ano. A educadora e quatro crianças perderam a vida na investida protagonizada por um adolescente do município.

Há também uma menção a Rafael Rodrigues, professor de capoeira que faleceu por soterramento quando ajudava vítimas de um temporal no município de Guarujá, no litoral paulista, em março de 2020.

Como é hábito na atual administração federal, toda e qualquer interação realizada nas redes sociais em datas comemorativas tem tom de provocação. As baixarias ideológicas já produziram, inclusive, situações ridículas, como a postagem do Dia do Agricultor, celebrada pelo governo Bolsonaro com a imagem de um homem armado com um rifle.

Avessa à civilidade e aos mínimos preceitos de educação e tolerância, a equipe governamental liderada pelo presidente radical também ignora a morte de figuras públicas importantes da história brasileira e se recusa a emitir notas de pesar, ou textos elogiosos aos grandes vultos nacionais.