Randolfe revela: governo Bolsonaro não ignorou apenas 11 e-mails da Pfizer; foram, ao todo, 53 não respondidos

Segundo o vice-presidente da CPI do Genocídio, o último e-mail da farmacêutica, de dezembro, era "desesperador pedindo algum tipo de informação porque eles queriam fornecer vacinas ao Brasil"

Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
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O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI do Genocídio que apura as omissões do governo Bolsonaro no combate à pandemia, revelou nesta sexta-feira (4) que a administração federal não ignorou somente 11 e-mails da Pfizer sobre oferta de vacinas contra a Covid em 2020, como se pensava antes. Segundo ele, foram ao todo 53 e-mails da farmacêutica não respondidos.

"CINQUENTA E TRÊS! Na investigação que estamos fazendo na CPI da Pandemia descobrimos que, na verdade, foram 53 e-mails da Pfizer que ficaram sem resposta", informou o parlamentar através de suas redes sociais.

Segundo ele, o último e-mail da Pfizer, de 2 de dezembro de 2020, teria sido um pedido "desesperador" por "algum tipo de informação porque eles queriam fornecer vacinas ao Brasil".

"Essa omissão na aquisição de vacinas da Pfizer acontecia ao mesmo tempo que o nosso Itamaraty pressionava a Índia para liberar cargas de hidroxocloroquina a uma empresa brasileira. A atuação do Ministério das Relações Exteriores se assemelha, claramente, à advocacia administrativa, em outras palavras: LOBBY! É isso mesmo, o Governo Brasileiro fazendo Lobby para uma empresa. Isso é CRIME de acordo com o Artigo 321 do Código Penal!", escreveu ainda o vice-presidente da CPI.

https://twitter.com/randolfeap/status/1400820272828145668

"Gabinete paralelo" atuou enquanto Pfizer oferecia vacinas

O “Ministério Paralelo” do governo de Jair Bolsonaro, acusado de munir o presidente com orientações negacionistas na pandemia do coronavírus, tinha o deputado Osmar Terra (MDB-RS) como “padrinho”. Em vídeo divulgado pelo jornal Metrópoles, o parlamentar aparece ao lado do presidente em uma reunião que seria do grupo.

O encontro com o presidente ocorreu no dia 8 de setembro em uma sala de reuniões do Planalto, pouco menos de um mês depois da Pfizer fazer a sua primeira oferta de vacinas ao governo brasileiro. No vídeo do encontro, há trechos explícitos do virologista Paolo Zanoto desaconselhando a vacinação contra a Covid-19.

“Não tem condição de qualquer vacina estar realisticamente na fase 3”, diz o médico. “Com todo respeito, eu acho que a gente tem que ter vacina, ou talvez não”, prossegue, sem apresentar nenhuma evidência. Zanoto já afirmou em entrevistas que “não seria uma boa ideia” fazer a vacinação em massa no Brasil.