Ricardo Teixeira consultou ex-presidente do Barcelona sobre “lugares seguros para fugir”

A informação faz parte de uma decisão judicial desta quinta-feira e na qual a Justiça espanhola rejeita um pedido de Rosell para aguardar seu processo em liberdade. Por um esquema de corrupção envolvendo a seleção brasileira, o catalão foi preso no dia 25 de maio. Para justificar sua negativa, a autoridade espanhola apontou que existiria um "alto risco de fuga" por parte de Rosell.

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A informação faz parte de uma decisão judicial desta quinta-feira e na qual a Justiça espanhola rejeita um pedido de Rosell para aguardar seu processo em liberdade. Por um esquema de corrupção envolvendo a seleção brasileira, o catalão foi preso no dia 25 de maio. Para justificar sua negativa, a autoridade espanhola apontou que existiria um "alto risco de fuga" por parte de Rosell.  Da Redação* De acordo com Jamil Chade, correspondente do Estadão em Genebra, escutas telefônicas feitas pela Justiça espanhola revelam que o ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, telefonou para o ex-presidente do Barcelona, Sandro Rosell, para pedir ajuda sobre um lugar "seguro no mundo" para onde poderia fugir caso investigações se aproximassem dele. A informação faz parte de uma decisão judicial desta quinta-feira e na qual a Justiça espanhola rejeita um pedido de Rosell para aguardar seu processo em liberdade. Por um esquema de corrupção envolvendo a seleção brasileira, o catalão foi preso no dia 25 de maio. Para justificar sua negativa, a autoridade espanhola apontou que existiria um "alto risco de fuga" por parte de Rosell. Uma das provas usadas pelos espanhóis para mostrar o conhecimento do catalão pelo mundo seria uma ligação telefônica que ele recebeu de Teixeira. Na conversa, o brasileiro o teria consultado sobre "quais lugares no mundo poderiam resultar mais seguros na hora de evitar problemas derivados das investigações em curso seguidas contra ele em diferentes países". Parte inferior do formulário A conversa ocorreu em abril desde ano e foi pega nas escutas colocadas pela polícia espanhola contra Rosell, antes de sua prisão. Teixeira é investigado na Suíça, nos Estados Unidos e no Brasil por diferentes assuntos. Mas estaria vivendo no País depois que passou a ser alvo de inquérito do FBI. Os documentos também mostram que o suposto esquema montado para desviar recursos da seleção brasileira por Ricardo Teixeira teria um elo com o Catar. Documentos da Justiça espanhola revelam que parte do dinheiro desviado dos amistosos do Brasil terminaram em contas de José Colomer, que representava a Aspire, uma academia de jovens craques financiada pelo Catar. Nesta quarta-feira, em Madri, Colomer foi preso. De acordo com o ato de acusação, o suspeito "foi receptor em uma conta em Andorra de 350 mil euros (cerca de R$ 1,3 milhão) procedentes da Uptrend, sociedade esta que não tinha nem atividade econômica e nem comercial aparente ou conhecida". A Uptrend, uma empresa de fachada, foi justamente a forma encontrada por Teixeira e o ex-presidente do Barcelona, Sandro Rosell, para desviar recursos dos amistosos do Brasil. O ex-cartola catalão está preso desde o dia 25 de maio. De acordo com a investigação, Colomer era um dos laranjas de Rosell e trabalhava para o projeto Aspire Dream, "financiado pelo Catar". Trata-se, na realidade, de uma academia montada pelo governo árabe para identificar jovem craques pelo mundo, principalmente na África e América Latina. Esse não é o único envolvimento do Catar no esquema de supostos desvios de dinheiro da CBF. Os procuradores espanhóis investigam ainda como Teixeira e Rosell puderam influenciar a escolha do país árabe para sediar a Copa de 2022. Como membro da Fifa, o brasileiro foi um dos cabos eleitorais do Catar. No final de maio, o Ministério Público da Espanha revelou como Ricardo Teixeira usou uma rede de empresas de fachada e contas em seis paraísos fiscais para desviar pelo menos 8,4 milhões de euros (R$ 30 milhões) da seleção brasileira e lavar dinheiro. Por contas secretas, ele ainda movimentou mais de 24 milhões de euros (R$ 90 milhões) de origem suspeita. A investigação se baseou nos documentos que a reportagem do Estado revelou, com exclusividade, em agosto de 2013. Em 2006, o Brasil assinou com a ISE a concessão de 24 partidas da seleção. Mas, junto com o contrato, veio a obrigação imposta por Teixeira de que parte do dinheiro arrecadado com os jogos não fosse para a CBF, e sim para ele mesmo e para seu aliado, Sandro Rosell. Para isso, uma complexa estrutura foi montada. Uma empresa de fachada com base nos EUA, a Uptrend, assinou um contrato com a ISE, dias antes da própria CBF fechar seu acordo. Oficialmente, ela atuaria como intermediária do negócio entre a empresa saudita e a brasileira. Em troca, receberia 8,4 milhões de euros. Segundo a investigação, quem criou a empresa era Rosell. Conforme o Estado já havia revelado em 2013, essas empresas não tinham estruturas físicas e suas contas estavam em Andorra. Uma vez com a Uptrend, o dinheiro era transferido para "o próprio Teixeira e pessoas de seu entorno que atuavam como laranjas". *Com informações do Estadão Conteúdo Foto: Marcello Casal Jr/ABr