Após recusa de Bolsonaro, Argentina insiste em ajudar a Bahia e Rui Costa aceita

O governador Rui Costa (PT) anunciou pelas redes que irá receber a ajuda humanitária argentina que foi rejeitada pelo governo Bolsonaro

Enchentes provocadas pelas chuvas em Ubaíra, na Bahia | Foto: Fernando Vivas/GOVBA
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O governo da Argentina não se conformou com a recusa do governo Jair Bolsonaro à ajuda humanitária oferecida à Bahia e voltou a oferecer suporte ao estado diante da tragédia provocada pelas fortes chuvas. As inundações já deixaram 24 mortos, 37.324 desabrigados, 53.934 desalojados e 434 feridos. O governador Rui Costa (PT) anunciou que aceitará o apoio mesmo sem a chancela do governo Federal.

"A Argentina ofereceu ajuda humanitária às cidades afetadas pelas chuvas na Bahia, apesar da negativa do Governo Federal. Me dirijo a todos os países do mundo: a Bahia aceitará diretamente, sem precisar passar pela diplomacia brasileira, qualquer tipo de ajuda neste momento", declarou Rui Costa.

"Os baianos e brasileiros que moram aqui no estado precisam de todo tipo de ajuda. Estamos trabalhando muito, incansavelmente, para reconstruir as cidades e as casas destruídas, mas a soma de esforços acelera este processo, portanto é muito bem-vinda qualquer ajuda neste momento", completou.

24 mortes na Bahia

Segundo dados da Superintendência de Proteção e Defesa Civil da Bahia (Sudec), o número de vítimas fatais chegou a 24 na quarta-feira (30). No total são 37.324 desabrigados, 53.934 desalojados e 434 feridos. 

Os municípios que registraram mortes são: Amargosa (2), Itaberaba (2), Itamaraju (4), Jucuruçu (3), Macarani (1), Prado (2), Ruy Barbosa (1), Itapetinga (1), Ilhéus (2), Aurelino Leal (1), Itabuna (2), São Félix do Coribe (2) e Ubaitaba (1). Os números correspondem às ocorrências registradas em 141 municípios afetados. Destes, 132 estão em situação de emergência.

Por que o governo rejeitou a ajuda

A Argentina ofereceu, na quarta-feira (29), envio imediato de uma missão com dez profissionais dos Capacetes Brancos, grupamento especializado em resgates, logística e apoio psicossocial para ajudar as vítimas das chuvas na Bahia. Segundo o governador do Estado, Rui Costa (PT), isso incluiria, por exemplo, a oferta de comprimidos para potabilização de água.

O governo brasileiro, no entanto, agradeceu o apoio do país vizinho, mas justificou a dispensa afirmando que a situação na Bahia “está sendo enfrentada com a mobilização interna de todos os recursos financeiros e de pessoal necessários”.

“Na hipótese de agravamento da situação, requerendo-se necessidades suplementares de assistência, o governo brasileiro poderá vir a aceitar a oferta argentina de apoio da Comissão dos Capacetes Brancos, cujos trabalhos são amplamente reconhecidos”, disse o Ministério das Relações Exteriores.

Segundo o Rui Costa, porém, o Estado colocou toda a estrutura possível para reduzir os estragos das chuvas, mas conta com a ajuda de outras regiões para isso, já que mesmo a infraestrutura das Forças Armadas é inadequada para muitas ações, como resgate de pessoas.

“O governo federal não tem nenhuma estrutura de ajuda aos Estados para desastres. Os helicópteros do Exército, da Marinha, são completamente inadequados para esse tipo de coisa. São helicópteros para a guerra, não para sobrevoar áreas urbanas. Um helicóptero daquele tamanho, quando baixa a uma altura mais reduzida, arranca as telhas, é um desastre”, ressaltou o governador.

O embaixador da Argentina, Daniel Scioli, tentou amenizar a recusa do governo Bolsonaro e negou, em entrevista ao Estado de S. Paulo, que isso possa afetar a relação entre os países.

https://twitter.com/costa_rui/status/1476602630772248584