Sem leitos, Araraquara tem aglomeração de comerciantes contra o lockdown

Com confirmação de casos da variante brasileira do coronavírus, hospitais superlotados e explosão de mortes e contágio, cidade paulista teve 'lockdown total' estendido; "O clima aqui é tenso", afirma jornalista local

Foto: Consórcio dos Jornalistas de Araraquara
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A cidade de Araraquara (SP), que vive uma situação dramática por conta da explosão de casos e mortes em decorrência da Covid-19, registrou nesta quinta-feira (25) uma aglomeração de cerca de 120 comerciantes e empresários que protestam contra as medidas de restrição.

No último sábado (20), o prefeito Edinho Silva (PT) impôs um lockdown "total" na cidade que deveria durar até terça-feira (23). Como os casos de Covid seguem aumentando e os hospitais estão superlotados, o restrição foi prorrogada até o próximo sábado (27). Até o momento, foram confirmados 12 casos da variante brasileira do coronavírus em Araraquara, o que pode estar contribuindo para a explosão das mortes e infecções.

Durante esse período, todas as atividades da cidade devem ficar paralisadas, incluindo o funcionamento de restaurantes e supermercados, e está proibida a circulação de carros, ônibus e pessoas nas ruas. Somente poderão ficar abertos estabelecimentos de saúde e farmácias e, para sair de casa, é preciso comprovar que está a caminho de atendimento médico ou que tem extrema necessidade.

Apesar da maioria da população de Araraquara apoiar o lockdown e ter ciência da gravidade da situação, comerciantes estão insatisfeitos com as medidas de restrição, e tentaram encampar uma carreata para reivindicar ao prefeito mais flexibilidade nas medidas para que possam manter, de alguma maneira, suas empresas funcionando.

A prefeitura tentou junto à Justiça, antecipadamente, impedir a carreata, marcada em grupos de WhatsApp, mas os manifestantes saíram às ruas mesmo assim.

Diante dos bloqueios policiais, os comerciantes desceram dos carros e foram a pé até a porta da prefeitura, provocando aglomeração.

"Seguimos com diversos bloqueios pelas ruas e recebemos a informação de que esse grupo estava se movimentando e indo em desacordo com o decreto, já que ninguém pode se movimentar na cidade, exceto para suas necessidades essenciais previstas no decreto. As pessoas foram abordadas e serão autuadas. Elas terão dez dias para apresentarem uma justificativa diferente com comprovação", disse ao portal A Cidade On o secretário de segurança pública, João Alberto Nogueira.

À Fórum, o jornalista Marcelo Bonholi, do Portal Morada, relatou que o clima na cidade é "tenso".

"De março a dezembro de 2020 o pico de atendimento na Unidade de Pronto Atendimento da Vila Xavier em um dia foi de 245 pessoas. E nesses 10 meses, de março a dezembro, tivemos 92 mortes. Em janeiro, tivemos picos na UPA que bateram a casa dos 390 atendimentos em um único dia. Foram 24 mortes em janeiro. Em fevereiro, somando as unidades que estão abrindo a mais, já passamos dos 500 atendimentos diários. E até o momento mais 70 mortes só em fevereiro", detalha Bonholi.

"É assustadora a situação. Isso preocupa demais", completa o jornalista.

O prefeito Edinho Silva, em publicação nas redes sociais nesta quarta-feira (23), ao anunciar a continuidade do lockdown, pediu colaboração à população.

"Estamos enfrentando um quadro muito difícil. Não podemos chegar à situação vivida por outras cidades, como Manaus, e escolher quem será internado. Com a união e a participação de todos aderindo ao isolamento, o resultado desse sacrifício será sentido nos próximos dias, quando esperamos que a pressão sobre leitos hospitalares diminua. Araraquara unida na defesa da vida", escreveu o petista.