Em almoço com Gilmar Mendes, comandante da Aeronáutica descarta apoio a golpe

Encontro acontece depois que o presidente Bolsonaro ameaçou a realização da eleição em 2022 se não houver a implantação do voto impresso

Foto: Fellipe Sampaio /SCO/STF
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Após os sucessivos ataques do presidente Bolsonaro (sem partido) contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o comandante da Aeronáutica, o brigadeiro Carlos Almeida Baptista Jr., convidou Gilmar Mendes para um almoço e sinalizou que não haverá apoio a qualquer tentativa de golpe.

Esse encontro entre o brigadeiro e o decano do STF possui um forte simbolismo, pois, Baptista Jr. é tido como o mais bolsonarista dos três novos chefes militares que assumiram após a crise que derrubou os comandantes anteriores e o ministro da Defesa, Fernando Azevedo.

Do outro lado, o ministro Gilmar Mendes representa o tribunal mais criticado pelos comandantes Brasil afora, pois, consideram que a corte concentra poderes demais.

Segundo informações do jornal Folha de S. Paulo, a principal pauta do almoço entre Mendes e Baptista Jr. foi a negação por parte do militar de apoio a qualquer tipo de aventura golpista no país.

Tanto o ministro do STF, quanto o brigadeiro não comentaram sobre o almoço, porém, ele acontece em um momento que o presidente Bolsonaro declarou guerra ao TSE e tem afirmado que a eleição de 2022 só acontece se houver a implantação do voto impresso.

Por sua vez, o TSE reagiu e abriu uma investigação contra o presidente e suas acusações de que as urnas eletrônicas são objeto de fraude.

TSE já desmentiu boatos disseminados por Bolsonaro em live

Boatos usados pelo presidente Jair Bolsonaro em transmissão ao vivo realizada nesta quinta-feira (29) para “provar” uma suposta fraude eleitoral já haviam sido desmentidos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Durante a live, o TSE divulgou em suas redes sociais checagens que já haviam sido feitas anteriormente sobre boatos que circulavam sobre o sistema eleitoral brasileiro.

Em um vídeo, o tribunal explica que 46 países usam urnas eletrônicas e 16 adotam sistema que não possui impressão de comprovante. Bolsonaro afirmou que eram apenas 3

“Não temos provas”

Conforme já era esperado, o presidente Jair Bolsonaro não cumpriu a promessa de mostrar “provas” de suposta fraude eleitoral que teria ocorrido nas eleições de 2018 e 2014 durante transmissão ao vivo realizada nesta quinta-feira (29). O mandatário usou o tempo para mostrar vídeos desconexos, fazer campanha eleitoral antecipada para 2022 em TV pública, e insinuações contra o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso.

Após Bolsonaro ficar cerca de 40 minutos repetindo o mesmo discurso que sempre faz, o governo exibiu um vídeo de um youtuber que simula uma urna eletrônica. Sem qualquer explicação mais aprofundada, o vídeo mostra “votos” sendo alterados a partir de uma programação em uma animação.

Não há qualquer análise de código-fonte ou do sistema da urna eletrônica, apenas uma animação com votos sendo alterados, o que não pode ser considerado prova ou indício de fraude.