MORTE EM IPANEMA

Justiça nega habeas corpus de cônsul alemão acusado de matar marido em Ipanema

Defesa alegou ausência de flagrante e imunidade diplomática; Uwe Hahn disse em depoimento que o marido estaria em surto e ia em direção ao terraço quando caiu e bateu a cabeça

Walter Maximilien e Uwe Hahn eram casados há 23 anos e moravam há 4 no Rio.Créditos: Créditos: Repreodução / Arquivo pessoal
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O cônsul alemão Uwe Hahn, lotado no consulado do Rio de Janeiro, teve seu pedido de habeas corpus negado no último domingo (7) pela juíza Maria Izabel Pena Pieranti, que fazia plantão no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ). O cônsul foi preso em flagrante no último sábado (6) e é acusado da morte do seu marido, o belga Walter Maximilien, no apartamento onde moravam em Ipanema, na zona sul do Rio de Janeiro. Mais tarde, no domingo, o diplomata passou por audiência de custódia e a Justiça determinou sua prisão preventiva. Uwe está preso no Presídio José Frederico Marques, na capital fluminense.

A defesa de Hahn alega que a prisão é ilegal e que seu cliente goza de imunidade diplomática, considerando uma possível ausência de flagrante. Em depoimento, o cônsul disse à polícia que o marido estava em surto psicótico e se dirigia para o terraço da cobertura em que moravam quando caiu e bateu a cabeça antes de morrer. No entanto, na hora de apreciar o habeas corpus do alemão, a juíza considerou que por se tratar de um plantão deveria se limitar ao aspecto formal do processo e da circunstância do delito cometido. Em outras palavras, não poderia soltá-lo em pleno domingo, sem que isso fosse discutido dentro do tempo e do expediente regular do judiciário.

O cônsul-geral Adjunto da Alemanha, Joachim Schemel, afirmou para a Agência Brasil que os diplomatas alemães estão em contato com as autoridades brasileiras e que, por questões de privacidade, não pretendem comentar detalhes da vida do acusado.

Relembre o caso

O cônsul alemão no Rio de Janeiro, Uwe Herbert Hahn foi preso na noite do último sábado (6) acusado de ser o autor da morte do seu marido Walter Henri Maximilien, de origem belga, no apartamento onde viviam em Ipanema, na zona sul do Rio. Hahn disse à polícia que Maximilien teria tido um mal súbito na noite anterior e morrido ao bater a cabeça na queda. No entanto, após análise do corpo no IML foi apontado que a vítima estava com marcas típicas de morte violenta, além da perícia ter apontado que o apartamento passou por limpeza após o acontecimento.

Na noite de sexta, quando ocorreu a morte, Uwe teria chamado uma ambulância para socorrer Maximilien, com quem foi casado por 23 anos. Mas o médico, ao chegar ao local, encontrou o belga já morto, com parada cardiorrespiratória e lesões na cabeça e nas nádegas.

Na posterior investigação do apartamento descobriu-se que uma secretária do cônsul foi enviada para fazer uma limpeza no imóvel, e manchas de sangue nos sofás só puderem identificadas pela polícia com o uso de tecnologias de investigação especificas para essa finalidade. As lesões também foram confirmadas pelo IML. Além de um traumatismo craniano na nuca, a vítima também apresentava lesões no rosto, pernas, nádegas, peito e barriga.

Para a delegada Camila Lourenço, da 14a Delegacia de Polícia do RJ, localizada no bairro do Leblon, a versão do cônsul pareceu contraditória. O casal morava no Rio há quatro anos. À polícia, o cônsul afirmou que o marido andava triste porque eles estariam de mudança para o Haiti. A vítima completaria 53 anos no próximo sábado (13).