O ouvidor das polícias de São Paulo, Cláudio Aparecido da Silva, enquadrou, nesta quinta-feira (7), um agente da Polícia Militar (PM), após o enterro do menino Ryan da Silva Andrade Santos, de apenas 4 anos, no cemitério da Areia Branca, em Santos, litoral paulista. A criança foi morta em troca de tiros da corporação.
O tumulto teve início quando policiais abordaram um motociclista em frente ao cemitério. Cláudio e outras pessoas se dirigiram até os agentes para questionar a ação.
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“Eu acredito que a Polícia Militar do Estado de São Paulo existe para ajudar as pessoas, mas nesse momento a polícia não está ajudando ninguém aqui”, disse Claudinho ao sargento Ailton, comandante da equipe. “O senhor sabe que não está”.
“Quem é que está querendo tumultuar? Quem veio tumultuar aqui foram vocês”, afirmou Cláudio, respondendo a um dos PMs.
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“Nesse estado não vai poder mais ter ato fúnebre?”, questiona o ouvidor
O ouvidor também participou de uma coletiva, em que expôs a violência e a letalidade da Polícia Militar do governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos).
“Agora, vão construir uma narrativa de que essa criança estava com uma arma na mão atentando contra os policiais? Onde nós vamos chegar? A gente não vê qualquer reflexo disso na queda criminalidade. Vamos dizer que o Ryan é um grande líder de uma facção criminosa, perigosíssima no nosso país? Só falta dizer isso agora”, declarou Cláudio.
“Então, é indignante, é repudiante, é um absurdo o que estão fazendo. Aqui no estado de São Paulo virou política governamental colocar polícia em velório de gente que morre pelas mãos da polícia, intimidar as pessoas”, desabafou o ouvidor.
“Vocês viram o comportamento da polícia no cortejo: Batalhão de Choque, Baep, tinha uma viatura do próprio batalhão aqui no cemitério. É vergonhoso, o cúmulo da falta de respeito aos direitos fundamentais das pessoas. Nesse estado não vai poder mais ter ato fúnebre? Ninguém tem mais direito de velar e se despedir dos seus entes queridos?”, questionou.
“Quem não ficar consternado com a morte de uma criança de 4 anos, nessas condições, não é gente. Não tem sentido o que está acontecendo em São Paulo. Não é possível que não tenha uma autoridade nesse país que não esteja enxergando o que está acontecendo em São Paulo. É desesperador. As pessoas não sabem a quem recorrer”, acrescentou Cláudio.
“Espero que, a partir da morte do Ryan, a gente consiga, minimamente, sensibilizar as autoridades desse país, especialmente o Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justiça, o presidente da República. As pessoas precisam se manifestar, não é possível”, completou o ouvidor das polícias de São Paulo.
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