Mais da metade da população de SP vive em insegurança alimentar, revela estudo

Pesquisa inédita ainda mostra que 1,4 milhão enfrenta quadro grave, ou seja, passam fome na capital paulista

SP: 1,4 milhão de pessoas passam fome na capital paulista.Créditos: Felipe Gomes/MLB
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Na cidade de São Paulo, mais da metade da população vive em insegurança alimentar. Ao todo, são 5,8 milhões de pessoas que não conseguem ter acesso a alimentos seguros e nutritivos, precisam pular refeições ou até mesmo passam um dia inteiro sem comer de forma regular ou permanente. 

Esse número representa 50,5% da população da capital paulista, o que corresponde a quase o dobro da média nacional, que é 27,6%.

Insegurança alimentar em São Paulo. Foto: I Inquérito sobre a Situação Alimentar do Município de São Paulo

Essa situação foi revelada pelo I Inquérito sobre a Situação Alimentar do Município de São Paulo, divulgado nesta sexta-feira (20). O estudo foi produzido pelo Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional de São Paulo (Comusan-SP), Observatório de Segurança Alimentar e Nutricional da Cidade de São Paulo (ObSANPA) e pesquisadores da Unifesp e da UFABC.

Os dados do documento também mostram que 12,5% da população vivem em insegurança alimentar grave, ou seja, passam fome na cidade de São Paulo. O número equivale a toda população do município de Goiânia, por exemplo.

Os pesquisadores chamam atenção para o fato de as maiores proporções de insegurança alimentar se concentrarem nas áreas periféricas, com maior incidência na Zona Leste, seguida pela Zona Sul

Recortes por raça, gênero e renda

A maioria dos domicílios analisados que enfrentam insegurança alimentar é chefiada por mulheres e apresenta uma taxa 1,8 vez maior de insegurança alimentar grave (fome) se comparada aos lares chefiados por homens. Ao passar a análise para domicílios liderados por mulheres negras (pretas e pardas), a taxa chega a ser duas vezes maior.

Além disso, 70% dos domicílios que enfrentam a fome (insegurança alimentar grave) têm renda domiciliar per capita de até meio salário mínimo ( R$ 706,00). Os domicílios onde a pessoa de referência era trabalhadora doméstica (34,1%) ou exercia trabalhos temporários ou bicos (24,9%) apresentaram os maiores índices de insegurança alimentar grave. Por sua vez, entre os domicílios em que a pessoa de referência estava desempregada, 72,5% estavam submetidos a algum grau de insegurança alimentar, sendo 24,9% em insegurança alimentar grave.

O estudo ainda destaca que os domicílios submetidos à insegurança alimentar são atravessados por um conjunto de constrangimentos vivenciados cotidianamente. Os dados mostram que 40,4% das pessoas que enfrentam a fome deixaram de comprar comida para pagar transporte, enquanto 38,6% afirmaram que tiveram que fazer alguma coisa que causou vergonha, tristeza ou constrangimento para conseguir alimentos.

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