IGNORADO

Pablo Marçal foi até El Salvador, mas presidente Nayib Bukele não o recebeu

O coach-candidato atravessou metade das Américas para gravar cortes com o autocrata sensação da extrema direita, que prendeu 2% da população, mas ficou na frente do Palácio

O coach Pablo Marçal e o presidente salvadorenho Nayib Bukele.Créditos: GloboNews e Instagram/Reprodução
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Pablo Marçal (PRTB), o coach goiano que se lançou candidato à Prefeitura de São Paulo e simplesmente fez ruir o poder absoluto do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) dentro do bolsonarismo, crescendo nas pesquisas e ameaçando se tornar o próximo governante da maior metrópole do país, anunciou na última semana que viajaria a El Salvador, cruzando metade das Américas, “para encontrar um presidente”.

Embora não tenha dito nomes, era óbvio que ele se referia a Nayib Bukele, primeiro por ele ser o único presidente de El Salvador, segundo pelo jovem autocrata ter se tornado uma verdadeira sensação da extrema direita latino-americana depois de prender 2% da população de seu país.

De fato, Marçal foi à capital salvadorenha, San Salvador, tirou fotos na frente do Palácio Nacional, mas estava bastante esquisito o comportamento do coach desde seu regresso, sem tocar no assunto e postar qualquer coisa relacionada a Bukele. Sua viagem, como é sempre de se esperar, visava gravar cortes para usar nas redes sociais e inflar ainda mais seu nome, até porque Marçal já admitiu em entrevista ao Roda Viva, da TV Cultura, que seus videozinhos são muito mais importantes do que apresentar qualquer proposta à população paulistana.

Agora, chega a confirmação de que o forasteiro goiano que quer comandar São Paulo deu com a cara na porta. Em San Salvador, ele tentou ir ao encontro do chefe de Estado do pequeno país da América Central, mas Bukele simplesmente não o recebeu.

A versão oficial de Marçal é de que ele visitaria El Salvador em meio à campanha eleitoral municipal “para buscar soluções na área de segurança” com “o homem que transformou um país em referência mundial em segurança pública”. Prefeitos, no Brasil, não têm essa atribuição.

Quem é Nayib Bukele

Nayib Bukele, de 42 anos, tem um perfil autoritário e claras aspirações ditatoriais. Ícone da extrema direita na região, ele ganhou popularidade por sua política de “tolerância zero com o crime” que, na prática, instalou um regime cruel na nação, já que milhares de inocentes têm sido presos, muitas vezes sem qualquer razão e direito a defesa.

El Salvador tem 6,3 milhões de habitantes e entre 80 mil e 100 mil pessoas presas, o que equivale a 2% da população adulta do país, um número absurdo e inacreditável. Há poucos anos o pequeno estado com litoral no Oceano Pacífico era um dos mais violentos do mundo e esses índices, de fato, melhoraram assustadoramente. Só que isso foi realizada por meio de um mecanismo perverso e que devasta famílias e mais famílias salvadorenhas, que veem seus entes irem para as dantescas penitenciárias nacionais muitas vezes sem motivo, ou por bobagens absolutamente sem gravidade. Não é preciso dizer que isso ocorre somente com as populações mais pobres.

Em 2020, ao ver que seus planos autoritários de “combate ao crime” poderiam ser frustrados pelo parlamento, invadiu o Congresso com tropas fortemente armadas e discursou ameaçando explicitamente um golpe, caso não tivesse “carta branca” para seguir com seus planos. Foi reeleito para o cargo em seguida, mesmo com a constituição salvadorenha proibindo um novo mandato, após Bukele pressionar a Suprema Corte do país, que, com medo, permitiu sua candidatura.

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