Um mural com a imagem do governador Sebastião Melo (MDB) imerso em lama em referência à sua gestão durante as enchentes em Porto Alegre (RS) foi censurado na última semana, tendo que ser apagado após decisão judicial.
A obra do artista Filipe Harp fazia parte da fachada do centro cultural Casaverso, no bairro da Cidade Baixa. A decisão que causou a censura à obra foi emitida pela justiça eleitoral com o argumento de que Melo é candidato à Prefeitura de POA e não poderia ser retratado daquela forma.
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A imagem continha o rosto do governador coberto até a metade por lama, além de casas imersas, retratando o estado de calamidade que ficou a cidade de Porto Alegre durante as enchentes de maio no Rio Grande do Sul.
Após a obra ter sido apagada, a frase “Melo chinelão” foi pichada no mesmo local. Porém, também foi apagada para dar espaço para uma nova manifestação: “Da memória ninguém apaga”.
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Junto à nova frase, diversos artistas também se uniram para criar um novo mural na Casaverso. No último sábado (10), diversas artes passaram a compor a fachada do centro cultural, que abriu as portas pela primeira vez após as inundações.
“Esse trabalho teve uma censura, foi apagado, e a ideia era representar o que o Rio Grande do Sul estava enfrentando com as enchentes, o descaso, e aí eu decidi relatar essa figura ilustre", disse Harp sobre o antigo grafite, ao jornal Sul21. "Foi apagado e agora a gente teve a oportunidade de fazer a releitura do trabalho. Vamos ver o que pode acontecer, tomara que fique”, acrescentou.
O artista também declarou que “a importância da arte é relatar e denunciar os problemas sociais, e esse é o nosso papel como artista”.
O coordenador artístico da Casaverso, João Pedro Marques, afirmou que a ideia não é só retomar as atividades da casa, mas "também retomar a arte para Porto Alegre, a cultura, que há muito tempo está sendo abafada e censurada. A gente está aqui para dizer que isso não vai acontecer e, se depender da gente, Porto Alegre segue viva, Porto Alegre segue vibrante”.
A grafiteira Ana Scarceli completou que a nova arte é "um protesto leve que, além de trazer reflexão, vai trazer um pouco de beleza para a rua”. “É super importante essa retomada dos artistas pós-enchentes. Eu acredito que a arte é uma grande aliada para destacar causas importantes e reflexões para a população”, declarou ao Sul21.
As obras que compõem a nova fachada do central são dos artistas Leandro Alves, Reis, Tio Trampo, Soul Chamb, Celopax, entre outros. Abaixo, confira algumas fotos do mural: