TSE desmente fake news bolsonarista de que pediu inquérito contra Sérgio Reis

Apesar do sertanejo organizar manifestação contra as instituições, tribunal não tomou nenhuma medida contra o fato

Sérgio Reis (Reprodução/Facebook)
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O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) veio a público, na noite desta segunda-feira (16), para desmentir mais uma fake news bolsonarista.

Tem circulado nas redes sociais e em grupos de WhatsApp um documento apócrifo que simula um pedido do presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, pedindo para que o Supremo Tribunal Federal (STF) inclua o cantor Sérgio Reis no inquérito das fake news.

"O investigando vem, reiteradamente, atacando a honorabilidade e a segurança desta Corte e de seus membros, bem como de seus familiares, quando houver relação com a dignidade dos ministros, o que extrapola os limites da liberdade de expressão", diz um trecho do falso pedido.

Apesar de Sérgio Reis dizer, em áudio vazado nas redes sociais, que está organizando uma manifestação contra o STF e que pretende "invadir" o prédio da corte para tirar os ministros "na marra", o TSE não tomou nenhuma medida sobre o fato.

"O TSE destaca que nenhum ofício com esse teor foi expedido ou assinado pelo presidente da Corte Eleitoral", diz nota oficial divulgada pelo tribunal.

Confira, abaixo, a íntegra.

"É falsa a notícia-crime que vem circulando nos aplicativos de mensagens por meio da qual o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, supostamente teria solicitado a inclusão de dados do cantor Sérgio Reis no Inquérito nº 4.781, também conhecido como o Inquérito das Fake News.

Em trâmite no Supremo Tribunal Federal (STF), o processo é relatado pelo ministro Alexandre de Moares e tem como objetivo, entre outros, a investigação de notícias fraudulentas, falsas comunicações de crimes, denunciações caluniosas, ameaças e demais infrações que atinjam a honorabilidade e a segurança do STF e de seus membros.

O falso documento ressalta que 'o investigando vem, reiteradamente, atacando a honorabilidade e a segurança desta Corte e de seus membros, bem como de seus familiares, quando houver relação com a dignidade dos ministros, o que extrapola os limites da liberdade de expressão'.

O TSE destaca que nenhum ofício com esse teor foi expedido ou assinado pelo presidente da Corte Eleitoral".

Inquérito da polícia

As declarações do cantor e ex-deputado federal pelo PRB-SP, Sérgio Reis, continuam repercutindo e provocaram reação da polícia do Distrito Federal. O Departamento de Combate à Corrupção (Decor) abriu inquérito para investigar o caso.

A previsão é de que o cantor seja intimado a depor nos próximos dias, antes do início de setembro, de acordo com informações de Mirelle Pinheiro e Raphael Veleda, no Metrópoles.

Reis teve um encontro recente com empresários do agronegócio e caminhoneiros em que debateu a organização de uma manifestação contra o Supremo Tribunal Federal (STF), em defesa de Bolsonaro e pelo voto impresso, programada para o dia 7 de setembro.

“Nós vamos parar 72 horas. Se não fizer nada afirma que nas próximas 72 horas ninguém anda no país. Vai parar tudo. Não é só Brasília, é o país”, disse o cantor na reunião.

Ele também estaria por trás de um plano golpista: dar um “ultimato” ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), afirmando que vai invadir o prédio da corte suprema, “quebrar tudo” e retirar os ministros de lá “na marra”.

“Vou dizer ao presidente do Senado que eles têm 72 horas para aprovar o voto impresso e tirar todos os ministros do STF. Isso não é um pedido, é uma ordem”, afirmou em áudio que vazou nas redes sociais.

Na gravação, ele conta a uma pessoa identificada como Marcelo que empresários do soja estariam financiando uma mobilização de bolsonaristas em Brasília em prol do voto impresso, proposta defendida por Jair Bolsonaro e que foi, recentemente, derrotada na Câmara.

Com isso, Reis será investigado por suposta associação criminosa voltada à prática dos crimes previstos nos artigos 129 (ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem), 147 (ameaçar alguém, por palavra, escrita ou gesto), 163 (dano ao patrimônio) e 262 (expor a perigo meio de transporte público, impedir-lhe ou dificultar-lhe o funcionamento) do Código Penal.

Depressão

Depois de tudo isso, nesta segunda-feira (16), a esposa do músico, Ângela Bavini, disse que o marido não deve mais participar do ato golpista previsto para o dia 7 de setembro.

O músico teria ficado abalado com a repercussão do áudio vazado. “O Sérgio foi induzido por pessoas que dizem estar em um movimento tranquilo. No fim, todo mundo vaza [desaparece] e sobra para ele, que é uma celebridade”, disse a esposa.

“Ele está muito triste e depressivo porque foi mal interpretado. Ele quer apenas ajudar a população. Está magoado demais”, completou.