Um dia após STF suspender operações no Rio, moradores relatam tiroteio no Complexo do Alemão

"Não há respeito algum, por isso nossa luta segue", disse Raull Santiago sobre a operação

Reprodução
Escrito en BRASIL el

Ativistas e moradores do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, relataram nas redes sociais que a comunidade foi alvo de uma nova operação policial neste sábado (6), um dia depois do Supremo Tribunal Federal (STF) determinar a suspensão das operações nas favelas do Rio.

Caso aconteceu na Grota, região que integra o complexo. Ativistas que estavam presentes na comunidade disseram que ficaram ilhados por conta do intenso tiroteio no local.

"Tiros, muitos tiros. A polícia entrou na Grota, Complexo do Alemão. Isso um dia depois da aprovação da proibição de operações durante a pandemia #coronavírus. Não há respeito algum, por isso nossa luta segue", escreveu no Twitter o ativista Raull Santiago.

"Estamos aqui no Complexo do Alemão desde cedo planejando as próximas ações sociais para nossas favelas. Neste momento, estamos presos em meio a uma operação policial que se inicia. Cumpram a decisão", cobrou a socióloga e militante Buba Aguiar.

Imagens publicadas pelo jornal Voz das Comunidades nas redes sociais mostram ao menos três viaturas da Polícia Militar no local, duas delas da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).

Em nota, a Polícia Militar confirmou ter feito uma ação no Complexo do Alemão. "Por volta das 19h30, policiais militares da UPP/Alemão foram acionados, via rádio, para uma ocorrência na rua Rua Joaquim de Queiroz, no Banco Santander, onde uma agência bancária estaria sofrendo depredação. Ao chegar ao local, os agentes foram recebidos por disparos de arma de fogo por criminosos e houve confronto, mas sem informações de feridos. Vale ressaltar que nada foi constatado no local", disse a corporação.

A decisão de suspender as operações nas favelas do Rio durante a pandemia do coronavírus veio do ministro Edson Fachin, atendendo a uma liminar apresentada por diversos movimentos sociais das favelas.

Na liminar, organizações citam “o quadro de ‘grave violação de direitos humanos’ subjacente à política de segurança pública do Estado do Rio de
Janeiro” e cita casos recentes ocorridos durante a pandemia.

Entre os episódios destacados está a nova chacina no Complexo do Alemão, que resultou em treze mortes no dia 15 de maio; a morte do menino João Pedro, em 18 de maio; a morte de Iago César dos Reis Gonzaga, também em 18 de maio; e a morte de Rodrigo Cerqueira, dias depois.

Confira:

https://twitter.com/vozdacomunidade/status/1269394969921499141
https://twitter.com/raullsantiago/status/1269392226003628033
https://twitter.com/BuubaAguiar/status/1269397344690323457