Uma carta emocionante de um juiz de Joinville aos presos: "um dia a liberdade virá"

"A intolerância que atinge vocês que estão presos também é destinada a mim. Como juiz de execução penal sou taxado de defensor de bandido, sou olhado de canto de olho, sou hostilizado por parte da sociedade, cega em seus traumas, ódios e medos", diz o juiz João Marcos Buch em mensagem aos detentos

O juiz João Marcos Buch, da Vara de Execuções Penais de Joinville (Reprodução/Facebook)
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Na contramão do sistema judicial e da política brasileira, defensores da tese de que "bandido bom é bandido morto", o juiz João Marcos Buch, da Vara de Execuções Penais de Joinville, Santa Catarina, escreveu uma carta emocionante aos presos que estão sob sua custódia se solidarizando com o desespero e a dor dos detentos e dizendo que "um dia a liberdade virá". Em um exercício de empatia, Buch diz ter apenas uma "noção superficial" do que é estar preso, mas que vê "as marcas do desespero, do conflito, da dor rabiscadas nas paredes e estampadas nas faces". "As reivindicações que vocês me fazem são justas, baseiam-se na lei, como por exemplo acesso ao trabalho, ao estudo, diminuição da superlotação quando no Presídio. Então, neste momento o que eu tenho a lhes dizer é que tento no limite de minhas forças, junto com a equipe que comigo atua, fazer com que os prazos sejam cumpridos e que ninguém fique preso acima do que a sentença condenatória determinou", diz o magistrado, contando um pouco sobre suas vivências em seguida. "A intolerância que atinge vocês que estão presos também é destinada a mim. Como juiz de execução penal sou taxado de defensor de bandido, sou olhado de canto de olho, sou hostilizado por parte da sociedade, cega em seus traumas, ódios e medos", diz, antes de encerrar a mensagem dizendo que "um dia a liberdade virá". "Quando esse dia chegar, eu desejo que vocês consigam retomar a vida em harmonia. E que a felicidade sorria". Leia a carta na íntegra.