Usineiro lidera grupo armado e destrói lavoura cultivada pelo MST para doação durante a pandemia

Segundo o MST, ação foi coordenada por Víctor Vicari Rezende, um dos proprietários da usina de açúcar e álcool Sabarálcool, que chegou ao acampamento, no Paraná, com catorze homens armados

Trator destruindo lavouras do acampamento Valdair Roque, no Paraná (Foto: MST)
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Um grupo de catorze homens armados destruiu nesta sexta-feira (03) parte das lavouras em fase de colheita plantadas por cinquenta famílias do Acampamento Valdair Roque, de Quinta do Sol, na região central do Paraná. As informações são do site De Olho nos Ruralistas.

Segundo o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), a ação foi coordenada por Víctor Vicari Rezende, um dos proprietários da usina de açúcar e álcool Sabarálcool. Ele teria chegado ao local às 7 horas e saído apenas por volta das 16h30, quando a polícia apareceu e interveio.

A comunidade existe desde setembro de 2015 e tem garantido produção de alimentos para o consumo das próprias famílias Sem Terra e também para doações à população da cidade, neste período em que a fome assola os lares de grande parte da população das periferias urbanas, segundo o MST.

No dia sete de maio, as famílias participaram de doação de mais de uma tonelada de produtos que foram entregues à Santa Casa e ao Comitê de Apoio às Pessoas em Situação de Risco Social do campus de Campo Mourão da Universidade Estadual do Paraná (Unespar).

Sabarálcool
O acampamento fica na Fazenda Santa Catarina, de propriedade da Usina Sabarálcool, que acumula grande passivo jurídico, com 964 ações trabalhistas somente na Comarca de Campo Mourão.

Segundo o advogado das famílias, Humberto Boaventura, o descumprimento da função social das relações de trabalho levou o Incra a manifestar interesse na área para destinação à Reforma Agrária, conforme prevê a Constituição Federal.

No mesmo sentido, desde 2018, existe uma recomendação do Ministério Público Federal para que o Incra intervenha junto a este conjunto de ações e execuções trabalhistas para adquirir e destinar a área à famílias acampadas.

Boaventura ressalta ainda a gravidade do ataque diante do contexto de pandemia e do aumento acelerado do número de óbitos e casos da COVID-19 no Paraná. “Essa ação feita hoje, que atinge diretamente a paz social das famílias e da região, também é uma afronta às medidas de combate à pandemia que está instalada no nosso estado”. Há um decreto do Tribunal de Justiça do Paraná suspendendo os despejos por tempo indeterminado, enquanto durar a pandemia.

Com informações do site do MST

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