Valesca Popozuda sobre a criminalização do funk: “Vou lutar contra esse absurdo”

A funkeira declarou que ainda não recebeu uma convocação formal para a audiência no Senado sobre o assunto, mas está disposta a discutir o tema. “Basta um convite formal e vou lutar contra esse total absurdo que querem fazer”, avisou.

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A funkeira declarou que ainda não recebeu uma convocação formal para a audiência no Senado sobre o assunto, mas está disposta a discutir o tema. “Basta um convite formal e vou lutar contra esse total absurdo que querem fazer”, avisou. Da Redação* “Isso é um retrocesso enorme. O funk é cultura, é trabalho e gera emprego como qualquer outro ritmo. É triste ver o país no caos em que está e as pessoas se preocupando em criminalizar algo que não incomoda ninguém”, afirmou a cantora Valesca Popozuda. Esta é a posição da artista diante da Sugestão Legislativa (SUG) 17/2017, do cidadão Marcelo Alonso, que pretende transformar o funk em crime. A Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado (CDH) aprovou, em 21 de julho, um requerimento para discutir a questão. Romário, relator da matéria, quer trazer para o debate no Senado o autor da proposta, compositores e cantores de funk, além de antropólogos que estudam o gênero musical. A funkeira declarou que ainda não recebeu uma convocação formal para a audiência, mas está disposta a discutir o tema. “Basta um convite formal e vou lutar contra esse total absurdo que querem fazer”, avisou. O cantor MC Koringa foi outro músico que declarou seu repúdio à ideia. “Por que não se fala do bem que o funk faz. Quantas pessoas dependem direta e indiretamente do funk? Cantores, DJs, operadores de som, técnicos de luz, gráficas que fazem convites para festas, aqueles que vendem comida do lado de fora dos bailes. Se você tirar isso delas, essas pessoas vão buscar outros recursos e podem até parar na criminalidade”, ressaltou. “Eu tive a oportunidade de falar por telefone com o senador [Romário] e me coloquei à disposição. Quem está com a cara no movimento e é nacionalmente conhecido, precisa se manifestar”, completou o músico. A cantora Anitta, em sua conta no Twitter, já havia feito duras críticas à proposta. Ela se referiu aos assinantes da petição como ‘desinformados que precisam sair do conforto dos lares para conhecer um pouco o nosso País’. Também convidada à discussão, a antropóloga da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e autora do livro A Estética Funk Carioca, Mylene Mizrahi vê o debate como questionável e sem legitimidade. “Você não pode dizer que 20 mil assinaturas sejam uma grande adesão. O que deveria ser discutido são as formas de exclusão da nossa sociedade, a homofobia, o racismo. Querer criminalizar um movimento é colocar uma camisa de força na cultura popular. É ditatorial”, analisou. "Com o funk você pode falar sobre qualquer coisa, pode abordar inúmeras perspectivas. Hoje em dia, existem, por exemplo, inúmeros funks com temática feminista", lembrou. A pesquisadora ainda confirmou que a provável data da audiência é 12 de julho. Além dos nomes citados, também foram convocados os artistas Buchecha, Tati Quebra Barraco, MC Marcinho (autor de Glamurosa), Cidinho e Doca (compositores do Rap da Felicidade), MC Bob Rum (Rap do Silva), Hermano Vianna (autor do livro O mundo funk carioca) e Carol Sampaio (idealizadora do Baile da Favorita). *Com informações do Estadão