Véio da Havan financiou Allan dos Santos via Eduardo Bolsonaro, mostram mensagens

Conversas interceptadas e que estão de posse da CPI do Genocídio mostram que além dos três, outras figuras proeminentes do bolsonarismo se assumem como o “gabinete do ódio” e falam em fazer ataques coordenados nas redes

Foto: Brasil 247
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Conversas de aplicativo obtidas pela CPI do Genocídio revelam negociações comprometedoras entre figuras do primeiro escalão do bolsonarismo e mostram que o empresário catarinense Luciano Hang, conhecido como Véio da Havan, financiou o blogueiro Allan dos Santos, investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) por disseminar fake news. O filho 03 de Jair Bolsonaro, Eduardo, foi quem intermediou o aporte financeiro que abasteceu os bolsos do blogueiro radical.

"Preciso que você me coloque em contato com o Luciano Hang", diz Allan para Eduardo.

"Quer que eu fale algo a ele para te introduzir?", responde o filho do presidente, após enviar o contato do empresário.

"É melhor", concorda Allan.

"Mandei mensagem para o Hang, assim que ele me responder te passo", diz Eduardo Bolsonaro ao blogueiro.

"Ele disse que você pode entrar em contato com ele. Falei que você é o nosso cara da imprensa para um projeto que desenvolvemos aqui nesta semana de aulas com o Olavo", retornou novamente o filho presidencial 03, orientando Allan a procurar Hang. O nome Olavo que surge na conversa é uma referência ao astrólogo autointitulado filósofo Olavo de Carvalho, guru ideológico do bolsonarismo.

Quatro meses após o primeiro contato com Eduardo Bolsonaro, Allan dos Santos confirma que a intermediação deu certo e diz que "Luciano Hang tá dentro. Patrocínio para o programa".

O contato é confirmado por uma mensagem que o Véio da Havan encaminha para Allan, contando que o filho 03 de Bolsonaro o havia indicado.

"Eduardo Bolsonaro me falou que conversou contigo", diz Hang.

Já Bernardo Kurster, outro bolsonarista apontado por parlamentares como distribuidor de informações falsas na rede, é alvo de um dossiê confeccionado por senadores que compilou mais de 100 postagens com mentiras ou com ataques pessoais a adversários do presidente.

“Recebi ordens do GDO pra levantar forte a tag #doriapiorquelula. Bora lá no Twitter. Tá subindo a tag em quarto lugar”, diz Kurster num dos diálogos. GDO é a sigla usada para o Gabinete do Ódio, grupo ligado ao presidente da República que destrói reputações na internet por meio de ataques coordenados e com mentiras.

Outros bolsonaristas importantes que aparecem nas conversas são os assessores presidenciais Filipe Martins, que já foi acusado de fazer gestos supremacistas e neonazistas durante uma sessão no Senado, e Tércio Arnauld.

Martins assume num dos diálogos que é membro do Gabinete do Ódio e lembra ao interlocutor não identificado que Arnauld também é.