Um movimento discreto, mas crescente, está surgindo entre os mais jovens. Cansados da enxurrada de notificações e da vida medida em likes, muitos estão abandonando os smartphones e voltando a usar celulares simples — os chamados dumbphones. Eles ligam, mandam mensagens, e só. O resto — redes sociais, aplicativos e rolagem infinita — ficou de lado.
O fenômeno vem sendo chamado de “novo Ludismo”, em referência aos trabalhadores do século XIX que destruíam máquinas em protesto contra a automação.
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A diferença é que, agora, o alvo não são as fábricas, mas as telas que moldam o cotidiano. O gesto é simbólico: desconectar virou uma forma de resistência a um mundo que parece sempre online.
Nos Estados Unidos, o Clube Ludista, criado por um grupo de ex-viciados em redes sociais no Brooklyn, já se espalhou por universidades e escolas.
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Seus encontros reúnem jovens que cresceram com smartphones na mão, mas agora buscam algo raro — atenção plena, sono decente e conversas sem distrações.
A geração que cansou do feed infinito
As vendas de celulares básicos estão subindo, acompanhando o retorno de objetos como câmeras digitais e fitas cassete. Pesquisas mostram que o uso excessivo de telas está ligado a problemas de sono e ansiedade, e o movimento de desconexão parece uma tentativa espontânea de recuperar o equilíbrio.
Para o jornalista Brian Merchant, autor de Blood in the Machine, essa nova geração não rejeita a tecnologia, mas o modo como ela foi feita para viciar. “Eles não odeiam as telas, só querem poder usá-las sem serem usados por elas”, resume.