TECNOLOGIA

Carros movidos a hidrogênio podem virar realidade no Brasil; SP lidera tecnologia

Com investimento de R$ 50 milhões, um laboratório de produção e armazenamento de hidrogênio verde avança no Brasil em parceria com automobilísticas

Abastecimento.Créditos: Unsplash
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Em São Paulo, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), ligado à Secretaria de Ciência e Inovação do estado, vai se tornar um polo de produção e armazenamento de hidrogênio, combustível de energia verde e renovável essencial para a transição energética, e estimular a parceria com quatro automobilísticas que já produzem carros movidos a hidrogênio.

De acordo com a Agência SP, o novo laboratório do IPT, LabH2, inaugurado na última quinta-feira (9), deve contribuir com toda a cadeia produtiva do combustível, da geração ao armazenamento e transporte, por meio de “pesquisa, desenvolvimento e inovação”. Localizado no campus do próprio instituto, com cerca de mil metros quadrados, o laboratório vai ter capacidade para abastecer hidrogênio de baixo carbono para automóveis, ônibus e caminhões.

A chinesa GWM, uma das maiores fabricantes automobilísticas do mundo, com presença consolidada no Brasil, participou da inauguração do laboratório, que ainda tem parcerias para abastecimento e desenvolvimento de postos de hidrogênio com marcas como a Toyota, a Hyundai e a Tupi, além de um acordo firmado com a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo (EMTU).

O investimento no projeto foi de cerca de R$ 50 milhões, vindos da Finep e da Secretaria de Inovação estadual, além do próprio IPT.

O hidrogênio, além de ser usado em transporte urbano, também é empregado em abastecimento industrial, nas cadeias produtivas do cimento, na siderurgia e na indústria química, além de ser componente da aviação como SAF (combustível sustentável da aviação).

Quando produzido a partir de fontes renováveis (por exemplo, eletrólise da água usando energia solar ou eólica), o “hidrogênio verde” oferece emissões significativamente menores de CO2, segundo o Ipea. O LabH2 tem estações de abastecimento com pressão de até 700 bar para veículos leves e 350 bar para veículos pesados (ônibus e caminhões).

No Brasil, entre os desafios para a produção e distribuição em larga escala de hidrogênio como combustível verde para transporte está a falta de postos especializados em fornecimento de hidrogênio, que têm de ser equipados com tanques criogênicos ou comprimidos a altas pressões. No LabH2, a presença de estações de abastecimento no próprio local já ajuda a fazer ciclos de teste com veículos, o que permite simular parte da cadeia de abastecimento.

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O Brasil já estuda soluções especializadas de abastecimento. De acordo com o relatório Panorama do Hidrogênio no Brasil, desenvolvido pelo Ipea, “O Brasil tem uma posição de destaque para se tornar um grande exportador de hidrogênio de baixo carbono, por apresentar condições climáticas excelentes e favoráveis para geração de energia elétrica por meio de fontes eólicas, solar e hídricas”.

Atualmente, a produção de hidrogênio brasileira se concentra nos setores de refino e fertilizantes, com processos que emitem altas quantidades de gás carbônico — o chamado hidrogênio cinza, dominado pelo uso de fósseis, sobretudo o gás natural, e sem captura de carbono.

Para produzir hidrogênio verde, é preciso usar apenas fontes renováveis, a partir da eletrólise da água (processo que divide a água entre hidrogênio e oxigênio). Segundo o Ipea, o custo de produção do hidrogênio verde pode variar entre US$ 1,40/kg e US$ 3,00–8,00/kg, dependendo da escala, tecnologia e fonte de energia.

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