O Instituto Max Planck, organização sem fins lucrativos já considerada uma das mais prestigiadas do mundo em pesquisa científica, sinalizou interesse em instalar centros de pesquisa independentes na América Latina. O anúncio ocorreu durante a visita do presidente da instituição, Patrick Cramer, à FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), no início de outubro.
O Brasil é um dos candidatos a receber um centro da instituição alemã, que possui mais de 80 institutos de pesquisa distribuídos pela Alemanha e 28 centros independentes em todo o mundo. Essas unidades se dedicam a áreas como astronomia, biologia, ciências da matéria, meio ambiente e humanidades.
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O interesse surgiu a partir da parceria já existente entre o Max Planck e a USP (Universidade de São Paulo), em diálogo com o Instituto de Geoantropologia da Alemanha, segundo a Agência FAPESP. A fundação brasileira tem tradição em programas de cooperação internacional e financiamento público de pesquisas voltadas à inovação, com universidades públicas de referência — como USP, Unicamp e Unesp — liderando os projetos.
Os Centros Max Planck são estruturas de coliderança científica que promovem o intercâmbio de pesquisadores, o compartilhamento de bolsas, recursos e dados, além de incentivar a geração de patentes em áreas aplicadas das STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática). O instituto acumula um histórico notável de prêmios Nobel e contribuições científicas de alto impacto.
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Nos últimos cinco anos, a colaboração entre o Instituto Max Planck e a FAPESP resultou em aproximadamente 3.213 publicações científicas conjuntas, de acordo com o presidente Patrick Cramer.
“Essa combinação de esforços possivelmente produzirá resultados de grande impacto e importância para a sociedade”, afirmou Carlos Graeff, diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo da FAPESP.
Instituição pública criada em 1962, a FAPESP fomenta a pesquisa acadêmica como parte da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do governo do estado de São Paulo. O financiamento da fundação é garantido por um percentual fixo de 1% dos impostos arrecadados no estado, o que lhe confere um dos sistemas de apoio à pesquisa mais sólidos do país.
Em 2025, o governo paulista propôs, na sua Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), a redução do repasse da FAPESP para 0,7% da arrecadação, o que representaria um corte estimado em R$ 600 milhões no orçamento da instituição.
Segundo a fundação, entre 2021 e 2024 foram investidos cerca de R$ 540 milhões em 166 projetos com impacto em políticas públicas. A cada R$ 1 aplicado em pesquisa agropecuária, o retorno é de R$ 12. No apoio a pequenas empresas, o investimento gera aumento médio de 22% no faturamento e de R$ 1 para R$ 6 em impostos arrecadados.
A FAPESP também se consolidou como uma das principais investidoras em startups de deep techs no Brasil, superando inclusive a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) em volume de aportes.