MÍSSIL

14-X: Brasil tem plano de fabricar míssil hipersônico 100% nacional para FAB

O Brasil pode ingressar “no seleto grupo de nações que detêm o conhecimento técnico e os meios para projetar, construir e rastrear um sistema hipersônico aspirado”, enfatiza a FAB

Lançadores de míssil.Créditos: Unsplash
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Um projeto das Forças Armadas do Brasil, conduzido pelo Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) e pelo Instituto de Estudos Avançados (IEAv), busca desenvolver o primeiro míssil hipersônico nacional: o 14-X, nome herdado do 14-Bis de Santos-Dumont.

Em janeiro de 2024, o governo federal lançou sua política de neoindustrialização, o programa Nova Indústria Brasil (NIB), que definiu metas até 2033 para o desenvolvimento de setores industriais e tecnológicos nacionais — entre eles, a criação de uma plataforma nacional de voo hipersônico (em velocidades acima de Mach 5, que rompem a barreira do som) —, com o objetivo de ampliar a soberania no setor de defesa.

Em 2007, os estudos do então capitão-engenheiro Tiago Cavalcanti Rolim, no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), lançaram as bases técnicas do projeto, com uma tese sobre a configuração waverider: uma aeronave hipersônica que utiliza sua própria onda de choque para gerar sustentação, “surfando” na onda que se forma à frente da aeronave em voo.

Em 2021, durante a Operação Cruzeiro, conduzida no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, houve o primeiro teste de lançamento de um demonstrador do 14-X S. O veículo, lançado por um foguete acelerador hipersônico (VSB-30/VAH), atingiu 30 km de altitude e testou o motor scramjet desenvolvido para o míssil, alcançando a velocidade Mach 6 e percorrendo 200 km no total.

O 14-X foi concebido como um demonstrador tecnológico — um protótipo que avalia a viabilidade de novas tecnologias em desenvolvimento — equipado com um motor supersônico à combustão, o chamado scramjet, que usa o ar atmosférico como oxidante e hidrogênio líquido como combustível.

O veículo é lançado por um foguete responsável por produzir sua aceleração inicial e, ao atingir determinada altitude e velocidade, o scramjet entra em operação para gerar propulsão enquanto o míssil voa a velocidades hipersônicas dentro da atmosfera.

Ou seja, o míssil não tem o objetivo de ser empregado de maneira imediata, mas de demonstrar a capacidade tecnológica do Brasil no setor das tecnologias hipersônicas — ainda pouco dominado, mesmo por potências com sistemas de defesa robustos, como os Estados Unidos. Seu sistema, Dark Eagle, ainda é considerado intermediário em relação às tecnologias desenvolvidas por Rússia e China.

A testagem bem-sucedida do demonstrador 14-X, em 2021, mostrou que o Brasil pode ingressar “no seleto grupo de nações que detêm o conhecimento técnico e os meios para projetar, construir e rastrear um sistema hipersônico aspirado”, enfatizou a FAB.

No âmbito da política industrial, o plano NIB afirma que até 2033 o Brasil deverá alcançar 50% ou mais de autonomia na produção de “tecnologias críticas para a defesa”.

O projeto do 14-X está estruturado, segundo o plano, em quatro grandes metas:

  • 14-XS: demonstração em voo ascendente balístico da combustão supersônica (fase inicial);
  • 14-XSP: demonstração em voo ascendente balístico da propulsão hipersônica aspirada (scramjet);
  • 14-XW: demonstração em voo planado (sem propulsão) de veículo hipersônico controlável e manobrável, com sistemas de guiamento, navegação e controle (GNC) e materiais avançados;
  • 14-XWP: voo autônomo de veículo hipersônico controlável e manobrável com propulsão hipersônica aspirada ativa (fase completa de integração).

Atualmente, de acordo com o IEAv, o projeto, desenvolvido em São José dos Campos (SP), está na segunda etapa, 14-XSP, de voo em propulsão aspirada.

Assista ao teste: 

 

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