A empresa americana Colossal Biosciences anunciou que teria recriado o lobo-terrível (Aenocyon dirus), espécie extinta há cerca de 10 mil anos. Segundo comunicado oficial, três filhotes “revividos” seriam o marco do primeiro retorno de uma espécie extinta por meio da chamada ciência da desextinção. No entanto, especialistas apontam inconsistências na afirmação e alertam: os animais apresentados são, na verdade, lobos-cinzentos geneticamente alterados.
De acordo com o site da empresa, os filhotes nasceram em outubro de 2024 e representariam o retorno simbólico da espécie pré-histórica ao ecossistema. A Colossal alega ter promovido 20 alterações no DNA dos lobos, sendo que 15 teriam como base traços atribuídos ao lobo-terrível e outras cinco serviriam apenas para modificar a coloração da pelagem.
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Apesar da empolgação em torno do feito, a pesquisa não foi publicada em revistas científicas nem passou pelo processo de revisão por pares. Até agora, os únicos materiais divulgados são vídeos e fotos acompanhados de comunicados à imprensa.
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O diretor do Centro Australiano de DNA Antigo, Jeremy Austin, afirmou ao portal ScienceAlert que os animais apresentados são lobos-cinzentos com modificações estéticas. “Eles apenas se parecem com o que a Colossal acredita ser um lobo-terrível”, disse. Ainda há divergências sobre a verdadeira aparência dessa espécie, o que torna incerta qualquer tentativa de recriação visual.
O lobo-terrível, popularizado por séries como Game of Thrones, habitava a América do Norte e media pouco mais do que os lobos-cinzentos atuais. Já o lobo-cinzento (Canis lupus), ainda presente em diversas regiões do planeta, como Estados Unidos e Rússia, foi o modelo genético base para os experimentos.
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A bióloga Raissa Tancredi, especialista em biodiversidade, explicou que o genoma modificado se originou do lobo-cinzento, e que o suposto retorno da espécie extinta não se sustenta cientificamente. “Sem publicação formal e dados revisados, não há como afirmar que se trata de um lobo-terrível genuíno”, disse ela ao site TecMundo.
A Colossal afirma que pretende divulgar mais detalhes sobre o experimento, mas não estabeleceu prazos para publicação dos dados técnicos.