A premeditada prisão de Daniel Silveira (PSL-RJ), um dos deputados mais próximos ao clã Bolsonaro, tem um objetivo bem claro: tragar as Forças Armadas para o centro da crise institucional, para que se justifique um novo golpe militar, desta vez com um político fardado - embora expulso do Exército - no poder.
No vídeo em que incita apoiadores a surrar o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), Silveira se mostra um cachorrinho do sistema político-militar, daqueles que latem com o portão fechado e esperam que os verdadeiros cães de guarda saiam em sua defesa, caso haja alguma reação.
A incitação é feita em uma pretensa defesa do rei da matilha, general Eduardo Villas Bôas, que há pouco assumiu que latiu contra o mesmo STF por medo da libertação de Lula, que poderia frustrar os planos ditatoriais da caserna se entrasse na disputa eleitoral de 2018 contra Jair Bolsonaro.
No mesmo tom, Villas Bôas ironizou o ministro Edson Fachin, do mesmo STF, revelando como os generais de quatro estrelas, que estão no topo da hierarquia militar, dão de ombros para a justiça e a democracia - da mesma forma como se "auto-anistiaram" em 1979.
Villas Bôas é o principal nome militar por trás do golpe que permitiu que um infame como Jair Bolsonaro chegasse ao poder com o mentiroso discurso de patriotismo - repetido aos quatro cantos pela ignorante caserna, alinhada há décadas com os interesses hegemônicos dos EUA e do sistema financeiro.
Provocando a própria prisão - como pode ser visto abaixo em uma edição do vídeo publicado pelo amigo Rogério Tomaz Jr. -, Silveira força um posicionamento de Villas Bôas e, consequentemente, das Forças Armadas em relação à crise provocada por Bolsonaro com o STF desde 2018, quando o filho 03 disse que fecharia a corte com um cabo e um soldado.
Silveira prontamente se colocou como o cabo. Cumpre agora o papel de cãozinho do sistema político-militar. Resta saber se algum cachorro grande sairá da caserna em sua defesa. Com a palavra - ou o ganido -, o general Eduardo Villas Bôas.