"O instinto da vida é mais forte que o instinto econômico", diz ministro da Saúde

Fala de Mandetta, que vai no sentido contrário àquele pregado por Bolsonaro, foi feita após governo anunciar que colocaria fim às entrevistas coletivas do ministério

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O Governo Federal confirmou em coletiva realizada na tarde desta segunda-feira (30) que irá acabar com as coletivas de imprensa realizadas diariamente pelo Ministério da Saúde com o objetivo de atualizar a situação do novo coronavírus no Brasil.

O ministro-chefe da Casa Civil, Walter Souza Braga Netto, confirmou as especulações que começaram nesta segunda. Segundo ele, as entrevistas a partir de agora ocorrerão "sempre com a participação de mais um ministério".

O ministro da Saúde, Henrique Mandetta, tentou amenizar a mudança no esquema da coletiva, mas não deixou de deixar um recado ao presidente Jair Bolsonaro ao ser questionado se renunciaria ao posto.

"Enquanto não temos uma resposta mais cientificamente comprovada, a Saúde vai falar 'para e vamos evitar contágio'. Esse é o nosso instinto de preservação. Como diz Gibran, 'é a ânsia da vida por si mesma'. O instinto da vida é mais forte que o instinto econômico", disparou o ministro.

"Não vamos perder o foco. É um vírus novo que derrubou o sistema mundial, mais dramático que uma guerra mundial. Esse vírus ataca a economia, a sociedade, ataca tudo, é sistêmico", disse ainda. "[A tensão interna] é uma questão mais de entendimento do momento. Esse não é todo o problema, é uma parte do problema", completou.

O ministro afirmou que a "saúde continua técnica, continua científica e continua trabalhando no seu planejamento" e criticou a "burocracia estatal".

Um momento que chamou atenção foi logo quando Mandetta tentou começar a responder a pergunta sobre a demissão e foi atropelado por Braga Neto: "Não existe". O ministro ironizou o general: "Quando um político fala que não existe, você já pensa que existe".

Além dos dois, participaram da coletiva a Advocacia-Geral da União, o Ministério da Infraestrutura, Ministério da Defesa e o Ministério da Cidadania. O ministro Paulo Guedes, da Economia, não participou, apesar de ter sido confirmado pela Secom.