Chile atualiza dados, supera os 200 mil casos e salta do 13º para o 9º lugar no ranking de covid

País validou mais de 30 mil casos antes considerados “suspeitos”, com os quais superou Turquia, Alemanha, Irã e França, e passou a ser o terceiro país sul-americano entre os 10 mais afetados – depois de Brasil (2º) e Peru (8º)

Fila em frente a um supermercado, em Santiago do Chile (foto: Natalia Espina)
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Nesta terça-feira (16), o Ministério da Saúde do Chile anunciou que reconheceu mais de 30 mil casos de covid-19 antes considerados “suspeitos”. Junto com os 4,7 mil casos anunciados oficialmente nesta quarta, levaram o país a passar de 184 mil a mais de 220 mil casos oficiais da infecção causada pelo novo coronavírus.

Com isso, o país andino saltou do 13º lugar para o 9º lugar na lista dos países mais afetados pela doença, segundo os números do observatório da Universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos. O Chile ultrapassou Turquia, Alemanha, Irã e França, e passou a ser o terceiro país da América do Sul entre os dez primeiros – o Brasil está em 2º e o Peru é o 8º, com 16 mil casos a mais que os chilenos.

O Chile é um dos desastres poucos comentados no mundo entre os países mais afetados pelo novo coronavírus. No começo do surto no país, entre março e abril, seus números baixos eram ignorados, embora fossem exagerados se considerado o fato de que se trata de um país com 18 milhões de habitantes. Agora, com o ingresso do país entre os 10 mais afetados pela doença, o fracasso chileno fica ainda mais evidente.

O governo neoliberal de Sebastián Piñera é diretamente responsável pelo fracasso atual. Em abril, quando o país tinha uma média de mil contágios diários, o presidente lançou um programa de “nova normalidade”, defendendo uma reabertura do comércio e até a retomada das aulas em algumas regiões.

Duas semanas depois, o governo foi obrigado a recuar, quando as estatísticas se multiplicaram. Atualmente, o país tem entre 4 e 5 mil novos casos diários, e chegou a ter mais de 6 mil no começo de junho. O erro levou à demissão do ministro da Saúde, Jaime Mañalich, que foi substituído por Enrique Paris – levando o Chile a ser um dos raros países do mundo, junto com o Brasil, que trocou o ministro da Saúde em plena pandemia.

Além disso, ainda está sendo investigada a questão das mortes oficiais no país. O Ministério da Saúde divulga internamente um relatório onde reconhece 3,6 mil mortes no total. No entanto, no último sábado, o site investigativo Ciper Chile publicou uma reportagem da jornalista Alejandra Mattus, que revela um documento onde o país informa oficialmente à OMS que já identificou mais de 5 mil mortes em total.

A situação coloca a imagem do governo ainda mais em cheque, embora a popularidade de Piñera se mantenha abaixo do 10% desde a revolta social de outubro de 2019. A boa notícia para o presidente é que a quarentena obrigatória impede a realização de manifestações diárias e multitudinárias, como as que ele enfrentou nos últimos meses do ano passado.

Também adiou o plebiscito constitucional, que estava marcado para abril e que agora será em outubro de 2020. Na votação, os chilenos poderão decidir se mantém a atual constituição, que foi imposta em 1980, durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), ou se prefere iniciar o processo para uma nova carta magna, que poderia significar a primeira assembleia constituinte da história do país.