O Ministério da Saúde, sob gestão de Eduardo Pazuello, lançou uma plataforma online que oferece um formulário clínico para que profissionais de saúde receitem medicamentos do "kit Covid", sem comprovação científica, a pacientes.
O TrateCov pede informações como comorbidades, exposição a ambientes de risco e possíveis sintomas. A plataforma então atribui um "escore de gravidade" ao paciente e, em seguida, disponibiliza uma receita com diversos medicamentos para um suposto tratamento da doença.
Entre os principais remédios recomendados, estão a cloroquina, ivermectina, azitromicina e até antibióticos. Além da lista de medicamentos, também constam recomendações de uso e frequência.
Apesar de ser direcionada a profissionais de saúde, o acesso à plataforma é livre e gratuito, sem a necessidade de realizar um login para ter acesso a uma receita.
Chama atenção o padrão de receitas, que recomenda os mesmos medicamentos, inclusive entre pacientes com diferentes comorbidades, sintomas e estilos de vida. Nas redes sociais, internautas simularam casos diferentes na plataforma e constataram esse padrão.
A assessora do médico Drauzio Varella, Mariana Varella, relata que citou no formulário duas idas ao supermercado e ausência de comorbidades. Seus sintomas são apenas fadiga e dor de cabeça, que duraram apenas um dia. O TrateCov, no entanto, receitou diversos medicamentos do "kit Covid" e dois antibióticos.
O médico Pedro Opará decidiu simular um paciente fictício na plataforma. Ele conta que, mesmo citando comorbidades como hipertensão e diabetes, doenças que contraindicam medicamentos do "kit Covid", o TrateCov continuou a recomendar esses remédios.