Ministério da Saúde ameaça não liberar vacinação em crianças de 5 a 11 anos

“Vamos divulgar um cronograma antes de tomar uma decisão. Queremos discutir esse assunto com a sociedade. Iremos realizar uma audiência pública”, afirmou Marcelo Queiroga

Marcelo Queiroga e Jair Bolsonaro durante live (Foto: Reprodução)
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O governo negacionista de Jair Bolsonaro não se convence da eficácia da vacinação contra a Covid-19. O Ministério da Saúde ameaça desautorizar a imunização para crianças de 5 a 11 anos, liberada, nesta quinta-feira (16), pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Apesar dos dados recentes indicando que o número de mortes pela doença teve queda de 94% com o avanço da vacinação, o ministro Marcelo Queiroga afirmou que quer debater se irá ou não adotar a vacinação para crianças dessa faixa etária.

“Vamos divulgar um cronograma antes de tomar uma decisão. Queremos discutir esse assunto com a sociedade. Iremos realizar uma audiência pública. O ministério vai fazer uma análise sobre todos os aspectos dessa vacinação”, declarou Queiroga, em entrevista à CNN Brasil.

O ministro, que é médico, não estipulou um prazo para a divulgação do cronograma, tampouco quando deverá ser realizada essa audiência pública. A falta de planejamento do governo vai, no mínimo, atrasar o processo de vacinação de crianças.

Segundo Queiroga, há um contrato de compra de 100 milhões de doses com a Pfizer que será usado para adquirir as vacinas para as crianças, caso o governo libere.

Mesmo sem convencer, o ministro negou que haja pressão política por parte de Bolsonaro a respeito da vacinação em crianças.

“O presidente nunca me disse que é contra. Ele quer que seja feita uma análise técnica e é isso que iremos fazer. O presidente é o chefe de estado, é o chefe de governo. E a gente informa ele das questões técnicas. Fora isso, toda a polêmica em torno do assunto é fumaça”, tentou disfarçar.

Bolsonaro abusa do negacionismo em relação à vacinação de crianças

Desde o início da pandemia, Bolsonaro, com seu habitual negacionismo, levanta dúvidas sobre a segurança dos imunizantes. Em relação específica às crianças, ele diz:

“É uma decisão, realmente, complicada para qualquer pai. A gente quer, quando se fala em vacina, muitas vezes, a vacina é essa que sabemos quais são. Já comprovadas, que levaram 5, 10, 20 anos, para depois de muitos testes ser aplicada na população. Agora essa está muito rápida”, disse Bolsonaro, que ignora que o imunizante tem registro definitivo da Anvisa.

Doria se antecipa e negocia imunizantes com a Pfizer

Diante da falta de planejamento do Ministério da Saúde, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), determinou que a Secretaria da Saúde do Estado dê início às negociações com a Pfizer para a compra do imunizante para aplicar em crianças de 5 a 11 anos.

A pasta, inclusive, encaminhou, nesta quinta-feira (16), um ofício à farmacêutica para comunicar o interesse do governo do estado em adquirir as vacinas.

A Anvisa autorizou, na quinta, a utilização do imunizante da Pfizer para essa faixa etária. Até então, o modelo da fabricante tinha utilização liberada no país somente em pessoas com idade acima de 12 anos.