Documentos divulgados pelo jornalista norte-americano John McEvoy no portal Brasil Wire revelam que o governo de Donald Trump, nos Estados Unidos, pressionou o presidente Jair Bolsonaro a não comprar a vacina “maligna” Sputnik V, desenvolvida pelo instituto russo Gamaleya.
O pedido ao governo brasileiro consta em documento do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, publicado no relatório anual da pasta em 2020.
“2020 foi um dos anos mais desafiadores da história do nosso país e da história do Departamento de Saúde e Serviços Humanos”, afirma o ex-secretário de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, Alex Azar.
“Há um fim à vista para a pandemia”, ele continua, “com a entrega de vacinas seguras e eficazes por meio da Operação Warp Speed”, completa. Em seguida, na página 48 do relatório, há a informação de que os Estados Unidos pressionaram o Brasil a rejeitar a Sputnik V.
"OGA [Departamento de Relações Exteriores] usou as relações diplomáticas na região das Américas para mitigar os esforços dos estados, incluindo Cuba, Venezuela e Rússia, que estão trabalhando para aumentar sua influência na região em detrimento da segurança dos Estados Unidos. O OGA coordenou com outras agências governamentais dos EUA para fortalecer os laços diplomáticos e oferecer assistência técnica e humanitária para dissuadir os países da região de aceitar ajuda desses estados mal intencionados", diz trecho do documento.
"Os exemplos incluem o uso do escritório de Saúde da OGA para persuadir o Brasil a rejeitar a vacina russa contra a Covid-19 e a oferta de assistência técnica do CDC [Centro de Controle e Prevenção de Doenças] no lugar do Panamá aceitar uma oferta de médicos cubanos", completa.
Com isso, há também a informação de que os EUA pressionaram o Panamá para não aceitar médicos cubanos, que estão na linha de frente global contra a pandemia, trabalhando em mais de 40 países.
Lula e Sputnik V
O Ministério da Saúde assinou na sexta-feira (12) um contrato para compra de 10 milhões de doses da Sputnik V. O cronograma da pasta prevê que 400 mil das doses cheguem até o final de abril, 2 milhões em maio e o restante, até o fim de junho.
O ex-presidente Lula influenciou diretamente na negociação para que o Brasil comprasse doses da vacina russa. A informação foi confirmada pelo ex-ministro da Saúde, José Gomes Temporão, que esteve presente em reunião que Lula fez com Kirill Dmitriev, diretor do Fundo de Investimento Direto Russo (RDIF) que financiou o desenvolvimento do imunizante, em novembro do ano passado.