"Colapso funerário se aproxima a passos largos do Brasil", diz Miguel Nicolelis

"Se o colapso funerário se instalar neste país, começaremos a ver corpos sendo abandonados pelas ruas, em espaços abertos", afirma o neurocientista Miguel Nicolelis

Miguel Nicolelis (Foto: Divulgação/Secom)
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Acertando praticamente todas as previsões em relação à pandemia no país, o neurocientista Miguel Nicolelis, um dos mais respeitados do mundos, afirmou nesta quarta-feira (1º) que o Brasil se aproxima a passos largos de um colapso funerário.

"Perante uma perspectiva futura, se nada for feito, do aumento em média de 3,5 mil óbitos por dia, podendo atingir 4 ou 5 mil mortos por dia nas próximas semanas e 500 mil mortos por volta de julho, diante desse cenário, o futuro que nos espera pode ser ainda mais dantesco, uma vez que não existe, por parte do governo federal, nenhuma iniciativa crível de combate real à pandemia. E, nesse momento, eu posso dizer a vocês que existem sinais em várias regiões do país, em várias cidades, tanto de pequeno quanto de grande porte, de que um colapso funerário se aproxima a passos largos do Brasil", disse em podcast no jornal El País nesta quarta-feira (31).

Nicolelis cita entrevista ao jornal O Globo do presidente de empresas funerárias, que declarou que existem cerca de 100 mil urnas funerárias no Brasil, quando seria necessárias 400 mil para dar conta dos óbitos acima de 3 mil por dia, por Covid-19, além de vítimas de outras enfermidades e acidentes.

"Estamos há poucas semanas de um ponto de não retorno da pandemia no Brasil. Se o colapso funerário se instalar neste país, começaremos a ver corpos sendo abandonados pelas ruas, em espaços abertos. Teremos que usar o recurso terrível de usar valas comuns para enterrar centenas de pessoas simultaneamente, sem urnas funerárias, só em saco plásticos, o que vai acelerar o processo de contaminação do solo, do lençol freático, dos alimentos, e com isso gerar uma série de outras epidemias bacterianas gravíssimas”, afirma Nicolelis.