Pela primeira vez desde o início da pandemia, maioria dos internados em UTI com Covid são jovens

Dados da Associação de Medicina Intensiva Brasileira mostram que, em março, 52% das internações em UTI eram de pessoas com até 40 anos

Foto: Agência Brasil
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O perfil dos pacientes com Covid-19 no Brasil mudou. Se antes a maior parte dos internados com a doença do coronavírus era composta por pessoas com mais de 60 anos, agora ela é de jovens. É o que diz levantamento feito pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib).

Segundo a entidade, a maioria dos pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), atualmente, é composta por pessoas com menos de 40 anos. Essas internações de pessoas mais jovens representaram 52,2% do total de internações em UTI no mês de março. Entre dezembro de 2020 e fevereiro deste ano, esse índice era de 44,5%.

A Amib aponta, ainda, que subiu o número de pacientes que atingiram estágio grave da Covid-19 e necessitaram de ventilação mecânica, sem que apresentassem nenhuma comorbidade. Esse aumento, entre dezembro do ano passado e março deste ano, foi de 40%.

“Embora os dados mostrem que a vacina pode estar tendo o efeito esperado entre os mais velhos já imunizados, eles também revelam que, ao se acharem imbatíveis, os jovens, muitos sem qualquer comorbidade, são agora as maiores vítimas da epidemia", afirmou à Folha de S. Paulo Ederlon Rezende, coordenador da plataforma UTIs Brasileiras e ex-presidente da Amib.

O levantamento da Amib  foi feito com dados de 20.865 leitos de UTI em todo o país, o que representa cerca de 25% de todas as unidades, sendo dois terços privadas e um terço públicas.

Mortes por Covid superam de outras doenças

Levantamento Associação Brasileira de Registradores de Pessoas Naturais (Arpen), feito com dados de cartórios de registro civil, aponta que as mortes em decorrência da Covid-19 no Brasil superaram, pela primeira vez, a soma de todas as mortes causadas por outras doenças.

O movimento inédito aconteceu na semana entre o dia 28 de março e 3 de abril, quando as mortes relacionadas à doença do coronavírus representaram 50,3% das mortes naturais registradas, enquanto as outras doenças responderam por 49,7% dos óbitos.

Para se ter uma ideia do crescimento vertiginoso das mortes por Covid no país, na primeira semana janeiro deste ano elas representavam 23,2% de todos os óbitos relacionados a outras doenças. Ou seja, o índice das mortes relacionadas à pandemia mais que dobrou.