CPI do Genocídio: Equipe de checagem aponta 11 mentiras da “Capitã Cloroquina”; veja a lista

Entre as mentiras estão o que ela falou a respeito do chamado tratamento precoce contra a Covid-19, com uso de remédios comprovadamente ineficazes contra o coronavírus

Foto: Reprodução/TV Senado
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O relator da CPI do Genocídio, senador Renan Calheiros (MDB-AL) e a equipe de checagem rápida organizada pela comissão, apontaram, ao menos, 11 mentiras da? secretária de Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, a “Capitã Cloroquina”, em depoimento nesta terça-feira (25), de acordo com informações da coluna de Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo.

Entre as mentiras apontadas estão, por exemplo, o que ela falou a respeito do chamado tratamento precoce contra a Covid-19, com uso de remédios comprovadamente ineficazes contra o coronavírus.

Mayra declarou que a prática é usada por médicos de todo o mundo, que oferecem o tratamento logo que a pessoa é diagnosticada como positiva.

“Não há qualquer dado a esse respeito, sobretudo após a recomendação da OMS [Organização Mundial da Saúde] em sentido contrário ao uso de cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina”, diz o documento.

Em relação ao isolamento social, a médica destacou que a prática provocou mais pânico em Manaus (AM), o que atrapalhou a evolução natural da doença e impediu o efeito rebanho de imunização.

“[Ela] contradisse sua declaração ao ser perguntada se teria conhecimento, recebido estudo técnico ou análise dessa tese e de seu impacto sobre a saúde pública, afirmando que não recebeu. Também afirmou que tal tese nunca foi cogitada pelo Ministério da Saúde e que desconhece qualquer médico que defendesse igual teoria”, rebate o documento.

Sobre a crise de oxigênio na capital do Amazonas, Mayra afirmou que seria impossível prever a quantidade de oxigênio a ser utilizada e, em consequência, a falta do fornecimento.

O relatório responde: “[A fala da médica cai em] contradição com o que afirmou ao Ministério Público Federal: ‘É possível realizar esse cálculo a partir do prognóstico de hospitalizações, pois se estima a quantidade de insumo a partir do número de internados’”.

A CNN Brasil obteve a íntegra do documento. Veja:

Destaques contraditórios do depoimento de Mayra Isabel Correia Pinheiro. Assunto – falso testemunho – verdade dos fatos.

Tratamento precoce

Utilizado por profissionais médicos de todos os mundos, que oferecem assim que feito o diagnóstico.

Não há qualquer dado a esse respeito, sobretudo após a recomendação da OMS em sentido contrário ao uso de cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina.

Medicamentos para Covid

Notas Orientativas do Ministério da Saúdo, nº 9 e nº 17 apenas recomendam.

O documento “Plano Manaus”, assinado pelo ministro Pazuello, diz textualmente que deve incentivar o tratamento precoce. O aplicativo TrateCov, por sua vez, indica expressamente o tratamento. A depoente, em ofício encaminhado à Secretaria de Saúde, considera inadmissível não usar a cloroquina e demais remédios.

Pesquisas na área de infectologia

Não levou, enquanto secretária, informações ou experiências a respeito de estudos, pesquisas e publicações na área de infectologia.

Ao longo de todo o depoimento relembra suas experiências, pesquisas e informações.

Cloroquina

Assevera ser antiviral.

Mantém a orientação para uso de cloroquina e hidroxicloroquina.

A cloroquina não é um antiviral nem um anti-inflamatório, e sim um antimalárico, utilizado em casos de malária, que é um protozoário, não um vírus.

OMS e Conitec recomendam não utilizar os medicamentos, porque inócuos ao tratamento.

TrateCov

A plataforma foi retirada do ar porque foi hackeada e dados teriam sido irregularmente alterados.

Ela mesma se contradisse, e contradisse Pazzuelo, ao afirmar que a plataforma foi retirada do ar, APENAS, para fins de investigação, sem que tenha havido deturpação (como declarou Pazzuelo) ou alteração (como ela mesma disse) da plataforma.

OMS e Conitec

Levou em consideração os estudos e declarações a respeito do uso de cloroquina e hidroxicloroquina

Usou e recomendou o uso, porque, segundo suas próprias declarações contraditórias, as recomendações da OMS e Conitec foram baseadas em estudos com qualidade metodológica questionáveis.

População pediátrica

Declara que 37,5% da população pediátrica têm menos chance de contrair a doença. E que todas deveriam ter continuado estudando presencialmente.

Desconsidera que, em todas as escolas, há presença de adultos. E, para piorar, não apresenta percentual de transmissão, de crianças para adultos.

Isolamento

Afirma que o isolamento causou mais pânico na cidade, atrapalhou a evolução natural da doença e impediu o efeito rebanho de imunização.

Contradisse sua declaração ao ser perguntada se teria conhecimento, recebido estudo técnico ou análise dessa tese e de seu impacto sobre a saúde pública, afirmando que NÃO RECEBEU.

Também afirmou que tal tese nunca foi cogitada pelo Ministério da saúde e que desconhece qualquer médico que defendesse igual teoria.

Comando do M. S.

Declarou continuidade dos trabalhos desde a gestão Mandetta.

Contradisse sua afirmação ao afirmar que os diferentes ministros adotaram decisões diversas porque as necessidades quanto à pandemia teriam mudado ao longo do tempo.

Manaus

Afirma que conhecia previamente a situação e as características do sistema de saúde de Manaus, que já havia experimentado um colapso em abril e maio de 2020.

Há clara contradição quando declara que, somente esteve em Manaus entre 3 e 5 de janeiro, quando tomou ciência da realidade ali apresentada.

E declara também que só se deslocou a Manaus em 3/1/21, para providências pertinentes, por ordem do ministro Pazzuelo.

Oxigênio em Manaus

Seria impossível prever a quantidade de oxigênio a ser usada e a consequente falta do fornecimento.

Contradição com o que afirmou ao Ministério Público Federal: “É possível realizar esse cálculo a partir do prognóstico de hospitalizações, pois se estima a quantidade de insumo a partir do número de internados”.