Randolfe: “Essa turma teve livre trânsito para chegar ao Ministério da Saúde”

Ao contrário do que declarou Marcelo Blanco, o vice-presidente da CPI do Genocídio afirmou que o ex-assessor do Departamento de Logística do ministério teve papel decisivo na intermediação da venda dos imunizantes

Marcelo Blanco - Foto: Reprodução/YouTube
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O vice-presidente da CPI do Genocídio, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou, nesta quarta-feira (4), que o ex-assessor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, o tenente-coronel da reserva, Marcelo Blanco da Costa, teve participação direta e decisiva nas negociações mais do que suspeitas para compra das vacinas da AstraZeneca contra a Covid-19.

“Essa turma teve livre trânsito para chegar ao secretário executivo no ministério e com intermediação sua, que tinha um cargo importante no Ministério da Saúde, para vender vacina”, afirmou Randolfe, durante depoimento de Blanco, nesta quarta, à comissão.

O ex-assessor do Ministério da Saúde negou que o encontro no restaurante Vasto, em Brasília, no dia 25 de fevereiro, tenha sido local para pedido de propina em contratos do ministério.

Randolfe questionou: “Não passou pela sua cabeça que um chopinho em um bar de Brasília não seria o canal oficial para se discutir questões relacionadas às vacinas?”.

Blanco argumentou que, por isso mesmo, aconselhou o cabo da Polícia Militar, Luiz Paulo Dominghetti, a encaminhar um e-mail à pasta no dia seguinte para discutir o assunto.

Estavam presentes ao encontro, além de Blanco, Dominghetti, o ex-diretor de logística da pasta, Roberto Dias, e o empresário José Ricardo Santana. 

De acordo com Dias, este foi apenas um encontro casual. À CPI, o ex-diretor afirmou que Dominghetti e Blanco teriam chegado à mesa em que estava para tomar um chope com Santana e proposto o esquema. 

Porém, ao contrário da versão apresentada por Dias, Blanco disse que tinha conhecimento prévio do encontro no restaurante.

Propina negada

Blanco afirmou que o encontro tratou somente de “amenidades” e não de vacinas. Ele também negou que tivesse ocorrido um pedido de propina.  

“Conversei com Dominghetti para ir até o Vasto, fomos até o shopping (Brasília Shopping), isso por volta de 19h, 19h30. Entramos e à esquerda o Roberto já se encontrava à mesa com o Sr. Ricardo. Me dirigi, apresentei o Dominghetti, sentamos e nem chegamos a jantar, pelo menos eu. Tinha um jogo do Flamengo que queria assistir em casa. No momento em que Dominghetti foi apresentado ele falou do interesse dele de ter agenda, porque ia retornar à cidade de origem dele no dia seguinte, e o Roberto disse, em função disso, que ia abrir uma lacuna na agenda e que ele fizesse uma solicitação formal que ele ia responder", disse o tenente-coronel.